Capitulo Fraternidade Paulista nº 112

Espaço destinado a informar, divertir e instruir membros e amigos do nosso amado Capitulo Fraternidade Paulista da Ordem DeMolay nº 112.
Sejam todos bem vindos!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O pergaminho de Chinon

O chamado Pergaminho de Chinon é um  documento histórico, originalmente publicado por Étienne Baluze no século XVII, na obra "Vitae Paparum Avenionensis" ("A Vida dos Papas de Avignon"). Este documento obteve destaque em nossos dias graças à descoberta, pela Dra. Barbara Frale, de que o Papa Clemente V absolvera  secretamente o último Grão Mestre , Jacque de Molay, e os demais líderes dos Templários, em 1308, das acusações feitas pela Santa Inquisição. O Pergaminho está datado "Chinon, dezessete a vinte de agosto de 1308" e o Vaticano possui uma cópia autenticada, sob a referência "Archivum Arcis Armarium D 218". O pergaminho original encontra-se sob a referência "D 217".

 

À época, uma investigação foi executada por agentes do Papa para verificar os argumentos contra os acusados, no Castelo de Chinon,  na  diocese de Tours, na  França. De acordo com o documento, o papa instruiu a Berengar, cardeal da SS. Nereus e Achileus, a Stephanus, cardeal de St. Ciriacus em Therminis, e a Landolf, cardeal diácono de St. Angel, para conduzir a investigação sobre os Cavaleiros Templários acusados. Esses cardeais declararam que:

"… através desta declaração oficial dirigida a todos que a lerem … o muito mesmo senhor Papa desejando e pretendendo saber a pura, completa e descompromissada verdade pelos líderes da dita Ordem, Irmão Jacques de Molay, Grão-mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários, Irmão Raymbaud de Caron, Preceptor dos comandados dos Cavaleiros Templários em Outremer, Irmão Hugo Pérrand, Preceptor de França, Irmão Geoffroy de Gonneville, Preceptor de Aquitania e Geoffroy de Charney Preceptor da Normandia, nos ordenou e comissionou especificamente e por sua verbalmente expressa vontade de forma que nós possamos com diligência examinar a verdade através de questionamento do grão-mestre e dos preceptores antes citados - um por um e individualmente, tendo junto testemunhas públicas e confiáveis."
Raymbaud de Caron foi o primeiro a ser interrogado em 17 de agosto de 1308. Após o interrogatório, os cardeais deram a absolvição:
"… Após este juramento, pela autoridade do senhor Papa especificamente dada a nós para esta finalidade, nós estendemos a este humilde solicitante Irmão Raymbaud, em uma forma aceita pela Igreja o perdão de absolvição do veredito de excomunhão que fora expedido pelos feitos antes mencionados, reintegrando-o em unidade com a Igreja e reintroduzindo-o para comunhão da fé e dos sacramentos da Igreja."
O segundo a ser interrogado, no mesmo dia, foi Geoffroy de Charney. Ele também foi absolvido. O terceiro a ser interrogado, no mesmo dia, foi Geoffroy de Gonneville. Ele também foi absolvido.Em 19 de agosto de 1308, Hugo de Pérraud foi o quarto interrogado. Foi absolvido também.

O Grão-mestre foi interrogado por último, em 20 de agosto  de 1308. Os interrogadores cardeais também o absolveram. De acordo com o documento, todos os interrogatórios dos acusados, entre 17 e 20 de agosto, ocorreram na presença de notários públicos e testemunhas selecionadas. Entre as acusações estavam sodomia, negar a Deus, beijos ilícitos, cuspir na cruz, e adoração a um ídolo.

É de notar que o documento não parece corresponder aos atos posteriores do Papa, uma vez que o grão-mestre e seus subordinados permaneceram presos até 1314, quando foram queimados vivos em Chinon.

O corpo do texto detalha a aparência do acusado, o juramento do acusado, acusações contra o acusado, e o modo de interrogação do acusado: no interrogatório do Irmão Molay, "Quando perguntado se havia confessado estes feitos devido a um pedido, recompensa, gratidão, favor, medo, ódio ou persuasão por alguém, ou pelo uso de força, ou medo de tortura futura, ele respondeu que não."

O pergaminho de Chinon foi preparado por Robert de Condet, clérigo da diocese de Soissons. Os notários foram Umberto Vercellani, Nicolo Nicolai de Benvenuto, Robert de Condet, e o mestre Master Amise d’Orléans le Ratif. As testemunhas foram o Irmão Raymond, abade do monastério beneditino de St. Theofred, Mestre Berard de Boiano, arquediácono de Troia, Raoul de Boset, confessor e cânone de Paris, e Pierre de Soire, superintendente de Saint-Gaugery  em Cambresis.

Antes de ser queimado vivo em 1314, Jacques de Molay teria rogado uma maldição, a partir da pira, para que Filipe, o Belo e seus descentes tivessem algum revés fatal. A lenda afirma que De Molay teria desafiado o rei e o Papa a encontrá-lo novamente diante do julgamento de Deus antes que aquele ano terminasse - apesar de esta frase não conste em relatos modernos da execução de de Molay. Efetivamente o monarca veio a falecer no mesmo ano, assim como o Papa Clemente V. Nos catorze anos seguintes, os três filhos do rei, seus sucessores no trono, vieram a falecer, encerrando a linhagem direta de três séculos da Dinastia Capetiana, levando muitos a crer na "maldição", base para a série de romances históricos "Les Rois Maudits", de autoria de Maurice Druon.

Ironicamente, o Rei Louis XVI era um descendente de Felipe, O Belo, e sua neta Rainha Joan II de Navarre. Quando a cabeça do rei caiu na cesta da guilhotina, um homem não identificado se aproximara. Mergulhou a mão no sangue do monarca, sacudindo-a no ar e gritara: "Jacques de Molay, fostes vingado!"

Significância

Dentre documentos e relíquias produzidas com datas retroativas, que visassem consertar ou atenuar feitos passados, e que vêm - em momentos oportunos - "surgir em depósitos secretos" o documento de Chinon veio à luz quando começou a se tornar pública a execução dos últimos líderes da ordem. Por alguns considerada a maior injustiça da Inquisição Medieval, a prisão e tortura - por sete anos - de Jacques de Molay, que poderia ter-se expiado simplesmente confirmando as acusações - agora aparece como confessando, sendo assim absolvido, mas continuaria preso e terminaria queimado - o documento parece mesmo ter sido produzido após 1314, com a finalidade de atenuar a provável exposição da crueldade papal e também da obstinação deste homem em se manter fiel à verdade, mesmo que isto lhe custasse a vida.

Mesmo antes do Vaticano anunciar a sua existência, muitos livros de referência sobre os Templários já citavam o Pergaminho de Chinon. Em 2002, a Dra. Barbara Frale localizou uma cópia do pergaminho nos arquivos do Vaticano. Mesmo com datação por métodos modernos, não se poderia comprovar a data do texto, apenas a data com que o couro-base foi preparado. Em outubro de 2007, o Vaticano anunciou que liberaria uma cópia do Pergaminho de Chinon, após "700 anos".

Considerações:


1- Bárbara Frale, pesquisadora da biblioteca vaticana, e responsável por encontrar o pergaminho que estava desaparecido devido a um erro de catálogo, diz a respeito dele:

"Sua cerimônia de iniciação envolvia realmente cuspir na cruz, mas esta heresia era parte de uma preparação psicológica, caso tivessem de fazê-lo se fossem capturados por forças muçulmanas, disse a Drª Frale".

2- Recomendo primeiramente a leitura de: http://www.zenit.org/article-19267?l=portuguese

3-
"A Drª. Frale disse que, entre outras alegadas infrações como a sodomia, os cavaleiros templários foram acusados de adorar ídolos, em particular uma "figura barbuda". Na realidade, no entanto, o objeto que tinham secretamente venerado era o Sudário".

A ABSOLVIÇÃO DO PAPA CLEMENTE V AOS LÍDERES MEMBROS DA ORDEM DO TEMPLO


Tradução livre de Reinaldo Toso Júnior, 12.nov.2006, São Paulo – Brasil, tradução sem fins lucrativos, sem propósitos comerciais e dirigida aos irmãos e irmãs da Ordem do Templo como material didático. A divulgação é permitida desde que citadas as fontes.

1- Introdução

O documento original é formado por um longo pergaminho de 70 por 58 cm, contendo os selos de três procuradores papais indicados pelo papa Clemente V para formar uma comissão de investigação papal, são eles Bérenger Frédo, Padre Cardeal titular da Santíssima Nereus e Achilleus e sobrinho do papa, Étienne de Suisy, Padre Cardeal da Santa Cyriac em Therminis, Landolfo Brancacci, Diácono Cardeal de São Ângelo.

O local é Chinon, na França, na Diocese de Tours, entre os dias 17 e 20 de Agosto de 1308.

Anexo ao documento há uma cópia autenticada com o número de referência Archivum Arcis Armarium D 218. O original possui marcas de decomposição bacteriana, mas pode ser lido, seu número de referência é o Archivum Arcis Armarium D 217. Estes dados foram obtidos a partir do Arquivo Secreto do Vaticano, intitulado “A tour of the Archives amid frescoes and documents, The Vatican School of Palaeography, Diplomatics and Archives Administration”, disponível em [http://asv.vatican.va/en/visit/doc/inform.htm], acesso em 10.nov.2006.

Esta investigação conduzida pelos padres nomeados pelo papa Clemente V no castelo de Chinon, diocese de Tours foi convertida para o português, tradução de livre interpretação do autor e convertida a partir do inglês cujo acesso foi em “2006 inrebus.com”, disponível em [http://www.inrebus.com/chinon.html], acesso em 29.out.2006.



A Tradução


Chinon, 17-20 de Agosto de 1308.

Em nome de Nosso Senhor, amém. Nós, Berengar, pela misericórdia de Deus, cardeal presbítero de SS. Nereus e Achileus, e Stephanus, cardeal presbítero de St. Ciriacus em Therminis, e Landolf, cardeal diácono de St. Angel declaramos, diretamente por meio desta carta oficial, para todos que irão ler isso, desde que nosso Santo Padre e Senhor Clemente, pela divina providência o supremo pontífice da Santa Igreja Universal de Roma, que após receber os apelos verbais e também clamorosos relatórios do ilustríssimo rei da França e prelados, duques, condes, barões e outros relacionados ao dito reino, por ambos, nobres e comuns, entre os quais alguns irmãos, presbíteros, cavaleiros, preceptores e serventes da ordem do Templo, teve iniciado um questionamento em assuntos referentes aos irmãos, [questões de fé Católica] e a Regra da dita Ordem, por razão de que esta sofreu pública infâmia, o mesmo senhor Papa desejando e intencionado conhecer a pura, a completa e descompromissada verdade dos líderes da mencionada Ordem, citados: irmão Jacques de Molay, grão-mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários, irmão Raymbaud de Caron, preceptor da comanderia dos Cavaleiros do Templo em Outremer, irmão Hugo de Pérraud, preceptor da França, irmão Geoffroy de Gonneville, preceptor da Aquitânia e Poitou, e Geoffroy de Charny, preceptor da Normandia ordenou e nomeou a nós especificamente por sua expressão verbal de maneira que deveríamos com diligência examinar a verdade por meio de questionamento ao grão-mestre e aos anteriormente mencionados preceptores – um por um e individualmente, convocando tabeliões públicos e confiáveis testemunhas.

Após agir de acordo com o mandado e nomeação do dito Senhor Supremo Pontífice, nós questionamos o grão-mestre anteriormente mencionado e os preceptores e investigamo-los referente aos assuntos descritos anteriormente. Suas palavras e confissões foram escritas exatamente pela maneira que estão incluídas aqui pelos tabeliões cujos nomes estão listados abaixo e na presença das testemunhas listadas também abaixo. Nós também ordenamos estas coisas escritas nesta forma oficial e validamos com a proteção de nossos selos.
No ano de Nosso Senhor de 1308, sexto interrogatório, no décimo sétimo dia de Agosto, no terceiro ano de pontificado do Papa Clemente V, irmão Raymbaud de Caron, preceptor da comanderia dos Cavaleiros Templários em Outremer, foi trazido à nossa presença, os padres anteriormente mencionados, no castelo de Chinon na diocese de Tours. Com sua mão sobre o Sagrado Testamento do Senhor ele pronunciou um juramento para falar a pura e completa verdade sobre si mesmo bem como sobre indivíduos e irmãos da Ordem, e sobre a Ordem em si mesma, referente às questões da fé Católica e a Regra da mencionada Ordem, e também sobre cinco indivíduos em particular e irmãos da Ordem. Diligentemente o interrogamos sobre o tempo e as circunstâncias de sua iniciação na ordem e ele disse que isso foi há quarenta e três anos ou próximo disso desde que ele foi ordenado e admitido na Ordem do Templo por Roncelin de Fos, naquele tempo preceptor de Provence, na cidade de Richarenchess, na diocese de Carpentras ou Saint-Paul-Trois-Châteaux, no chapel da comanderia Templária local. Durante a cerimônia o patrono não disse nada ao noviço que não fosse apropriado, mas após a admissão um irmão servente veio até ele, cujo nome ele não se lembra, e que para ele já está morto há muito tempo. Relatou que prenderam no lado de seu manto uma cruz pequena, e quando todos os irmãos se retiraram e permaneceu sozinho com este irmão-empregado, ele contou que este irmão-empregado mostrou a cruz a ele, e que não recorda se havia efígie no crucifixo ou não, mas acredita, entretanto, que era um crucifixo pintado ou talhado. E este irmão-empregado disse a ele: "você deve renegar este”. E o interrogado, não acreditando cometer um pecado, disse: "eu renego". Esse irmão-empregado disse também á ele que deveria preservar a pureza e a castidade, mas se não poderia fazer assim, era melhor fazer secretamente do que publicamente. O interrogado disse também que sua negação não veio do coração, mas da boca. Então disse que no dia seguinte revelou isto ao bispo de Carpentras, seu parente de sangue, que estava naquele lugar mencionado e naquela época, e o bispo contou que ele tinha agido errado e cometido um pecado. Então ele confessou sobre seus atos com este mesmo bispo e que foram atribuídas penitências e que, de acordo com ele, as cumpriu.
 
Quando questionado sobre o pecado de sodomia, ele disse que nunca esteve à par disso, participado ou feito, e que nunca tinha ouvido sobre cavaleiros Templários envolvidos neste pecado, exceto daqueles três cavaleiros que tinham sido punidos com prisão perpétua no Castelo de Pilgrim. Quando perguntado sobre os outros irmãos da mencionada Ordem se haviam sido recebidos na ordem da mesma maneira que ele, este respondeu que não sabia por que ele nunca havia iniciado [alguém] e que nunca havia visto alguém ser aceito na Ordem além de dois ou três irmãos. A respeito deles não soube se negaram Cristo ou não. Quando lhe foi perguntado sobre os nomes destes irmãos disse que um chamava-se Peter, mas que não recordou seu nome de família. Quando lhe foi perguntado com qual idade foi feito irmão na ordem mencionada respondeu que tinha dezessete anos de idade ou perto disso. Quando lhe foi perguntado sobre cuspir na cruz e sobre a adoração da cabeça, ele disse que não sabia de nada, adicionando que nunca tinha ouvido falar dessa cabeça até que ouviu o senhor papa Clemente falar disso no ano passado.

Quando lhe foi perguntado sobre a prática de beijar, respondeu que o irmão acima mencionado, Roncelin, o beijou na boca quando o recebeu como um irmão; disse que não sabia de nada sobre outros beijos. Quando lhe foi perguntado se quis manter o que tinha dito durante a confissão, e se o tinha feito de acordo com a verdade, e se tinha adicionado qualquer coisa falsa ou tinha omitido qualquer coisa que fosse verdade, ele respondeu que quis manter o que tinha dito previamente em sua confissão, que era verdade e que nem adicionou qualquer coisa que fosse falsa, e nem omitido qualquer coisa que fosse verdade. Quando lhe foi perguntado se confessou devido a um pedido, recompensa, gratidão, favor, medo, ódio ou persuasão por alguma outra pessoa, ou o uso de força, impedimento, ou medo da tortura, ele respondeu que não.

Mais tarde, este irmão Raymbaud dobrou-se de joelhos e com suas mãos unidas pediu nosso perdão e misericórdia a respeito das ações acima mencionadas. E enquanto implorava desta maneira, o irmão Raymbaud renunciou em nossa presença a heresia relatada anteriormente, bem como a qualquer outra heresia. Pela segunda vez ele fez o juramento com sua mão em cima do Livro Sagrado de Nosso Senhor de que obedeceria aos ensinamentos da igreja, que manterá, defenderá e observará a fé católica que a Igreja Romana mantém, defende e proclama, da mesma forma que ensina e requer dos outros que sigam isso, e que viverá e morrerá como um cristão fiel. Após este juramento, pela autoridade do senhor papa concedeu-nos especificamente para essa finalidade, nós estendemos a este suplicante e humilde irmão Raymbaud, em uma forma aceita pela igreja, a misericórdia da absolvição do veredicto de excomunhão que tinha incorrido pelas ações acima mencionadas, restaurando-o à unidade com a Igreja e restabelecendo-o para a comunhão da fé e aos sacramentos da Igreja.
 
Também, no mesmo dia, o irmão cavaleiro Geoffroy de Charny, preceptor da comanderia da Ordem do Templo na Normandia, apareceu pessoalmente da maneira e forma previamente descrita, à nossa presença, e na presença dos tabeliões, bem como das testemunhas, modestamente jurou com suas mãos sobre o Testamento do Senhor e foi questionado sobre a maneira de sua admissão na mencionada Ordem. Ele testemunhou que isso foi há quarenta anos ou perto disso, desde que foi aceito na Ordem dos Cavaleiros Templários pelo irmão Amaury de la Roche, o preceptor da França em Étamps na diocese de Sens, no chapel local da comanderia do Templo. Presentes à cerimônia estavam os irmãos Jean le Franceys, preceptor de Pédenac, e nove ou dez irmãos, ou algo assim, da Ordem mencionada, os quais ele acredita estarem mortos agora. E então, uma vez que tinha sido aceito na ordem e o manto da ordem colocado em seus ombros, o irmão que executou a cerimônia colocou-se ao lado dele, dentro do mesmo chapel, e mostrando-lhe um crucifixo com uma efígie de Cristo, disse-lhe que não deveria acreditar no crucificado, mas deveria de fato renunciá-lo. Então o irmão recentemente aceito na demanda do dito receptor renegou verbalmente, mas não em seu coração. Também, disse que na altura de sua iniciação, o noviço beijou o receptor na boca e em seu peito através da roupa como um sinal de reverência.

Quando perguntado se os irmãos da Ordem do Templo haviam sido aceitos da mesma que ele em suas iniciações, ele disse que não sabia. Disse também que ele mesmo recebeu um irmão na ordem mencionada com o mesmo cerimonial com o qual ele mesmo foi iniciado. Mais tarde ele aceitou muitos outros sem a renúncia descrita anteriormente e de maneira correta. Disse ele também que confessou sobre a renuncia da cruz que tinha feito durante a cerimônia de iniciação e sobre ser forçado a fazer assim pelo irmão que executava a cerimônia, ao patriarca de Jerusalém daquela época, e foi absolvido por ele.

Quando questionado diligentemente sobre cuspir na cruz, da prática de beijar, da prática de sodomia e na adoração da cabeça, ele respondeu que não sabia nada sobre isso. Posteriormente questionado, disse que acreditava que outros irmãos tinham sido aceitados na ordem da mesma maneira que ele foi. Ele disse, entretanto que não sabia com certeza desde quando estas coisas recentes aconteceram de modo que outros irmãos que estavam no edifício se viram ou se ouviram o que aconteceu com eles. Perguntado sobre a idade na qual foi aceito na ordem dita, respondeu que foi com dezesseis ou dezessete ou próximo disso. Quando lhe foi perguntado se havia contado estas coisas devido a um pedido, recompensa, gratidão, favor, medo, ódio ou persuasão por alguma outra pessoa, ou o uso de força, ou medo da tortura ou impedimento, respondeu que não. Quando lhe foi perguntado se quis manter o que tinha dito durante a confissão, se foi feito de acordo com a verdade, e se tinha adicionado qualquer coisa falsa ou tinha omitido qualquer coisa verdadeira, respondeu que quis manter o que tinha dito previamente em sua confissão e durante esta que tinha dito somente o que era verdadeiro, que o que disse era de acordo com a verdade e que nem adicionou qualquer coisa que era falsa e nem omitiu qualquer coisa que era verdadeira.

Após isto, nós concluímos em estender a misericórdia da absolvição por estes atos ao irmão Geoffroy, quem na forma e maneira descrita acima renunciou em nossa presença a heresia descrita e qualquer outra heresia, e jurou em pessoa sobre o Santo Evangelho do Senhor, e humildemente pediu pela misericórdia da absolvição, restaurando-o para a comunhão e a fé nos sacramentos da Igreja.

No mesmo dia, em nossa presença e na presença dos tabeliões e das testemunhas listadas abaixo, o irmão Geoffroy de Gonneville, pessoalmente apareceu e foi diligentemente questionado sobre o tempo e as circunstancias de sua admissão e sobre os assuntos descritos acima. Ele respondeu que tinha vinte e oito anos ou perto disso desde que foi recebido como um irmão na Ordem dos Cavaleiros Templários pelo irmão cavaleiro Robert de Torville, preceptor da comanderia da Ordem Templária da Inglaterra, na cidade de Londres, no chapel local da comanderia. E este receptor, após colocar o manto dos cavaleiros Templários em cima de seus ombros recebendo-o como membro, mostrou-lhe a cruz desenhada em algum livro e disse que renunciasse a imagem desenhada nessa cruz. O recém admitido não quis fazer assim, o receptor disse-lhe repetidas vezes que deveria fazer assim. E como este se recusou completamente em o fazer, o receptor, vendo sua resistência, disse-lhe: "contanto que eu permito que você não o faça, você jurar-me-á que se perguntado por alguns dos irmãos você dirá que fez esta renúncia?" E o recém admitido respondeu "sim", e prometeu que se fosse questionado por algum irmão da ordem dita diria que tinha executado a renúncia. E, como disse, não fez nenhuma renúncia de outra maneira. Disse também que o receptor mencionado lhe disse que deveria cuspir na cruz descrita. Quando o recém admitido não desejou fazer assim, o receptor colocou sua própria mão sobre o desenho da cruz e disse-lhe: "ao menos cuspa em minha mão!" E o admitido temendo que o receptor removesse sua mão e algum deste cuspo pegasse na cruz, não quis cuspir na mão com a cruz estando próxima. Quando questionado diligentemente a respeito do pecado de sodomia, da adoração da cabeça, sobre a prática de beijos e outras coisas que haviam atribuído aos irmãos da ordem dita uma reputação má, disse que não sabia de nada. Quando perguntado se outros irmãos da ordem foram aceitos na ordem da mesma maneira que ele, disse que acreditava que o mesmo tivesse sido feito aos outros como lhe foi feito na altura da descrição de sua iniciação.

Quando lhe foi perguntado se o que ele havia dito era para atender a um pedido, recompensa, gratidão, favor, medo, ódio ou persuasão por alguém, ou uso da força, impedimento ou medo de tortura, ele respondeu que não. Após isto, nós concluímos em entender a misericórdia da absolvição por estes atos ao irmão Geoffroy de Goneville, quem na forma e maneira descrita acima renunciou em nossa presença as heresias descritas acima e qualquer outra heresia, e jurou em pessoa sobre o Evangelho Sagrado do Senhor, e humildemente pediu pela misericórdia da absolvição, restaurando-o à unidade com a Igreja e restabelecendo-o para com a comunhão da fé e os sacramentos da Igreja.

Então no décimo nono dia do mês, em nossa presença e na presença dos tabeliões e das mesmas testemunhas, Hugo de Pérraud, preceptor Templário das comandarias na França apareceu pessoalmente e tomou juramento sobre o Evangelho Sagrado do Senhor, colocando suas mãos sobre o mesmo da mesma maneira descrita acima. Este irmão Hugo tendo jurado como indicado, e sendo diligentemente questionado sobre a maneira da sua iniciação disse que foi recebido em Londres na comanderia local do Templo, na respectiva igreja. Isso foi a quarenta e seis anos atrás, após passada a festa de Santa Magdalena. Ele foi nomeado irmão da Ordem pelo irmão Hubet de Perraud, seu próprio pai, como Visitante da comanderia Templária na França e Poitou, quem colocou sobre seus ombros a túnica da respectiva Ordem. Isto tendo sido efetuado, algum irmão da referida Ordem, chamado John, quem mais tarde tornou-se preceptor de La Muce, levou-o até um determinado lugar do chapel e mostrado-lhe a cruz com a efígie de Cristo e ordenado a ele que renunciasse Aquele cuja imagem estava representada lá. Ele recusou-se, o quando pode, de acordo com ele. Neste meio tempo, entretanto, pressionado por medo e ameaças do irmão John, ele renunciou Aquele que estava representado na cruz apenas uma vez. E também o irmão John muitas vezes ordenou que ele cuspisse sobre aquela cruz, e ele recusou-se a fazer.
Quando perguntado se ele tinha beijado o receptor, ele disse que o fez, apenas na boca.

Quando perguntado sobre o pecado de sodomia, ele respondeu que aquilo nunca havia sido imposto a ele ou feito isso.

Quando lhe foi perguntado se ele havia aceitado outros na Ordem, ele respondeu que o fez muitas vezes, e que aceitou mais pessoas do que qualquer outro irmão vivo da Ordem.

Quando questionado sobre a cerimônia por meio da qual ele os aceitou, ele disse que após eles terem sido admitidos na Ordem e recebido o manto, ele ordenou-lhes que renunciassem ao crucifixo e o beijasse no fundo da parte traseira, no umbigo e então na boca. Disse também que impôs a eles para absterem-se da parceria com mulheres, e, se fossem incapazes de conter seu desejo, juntarem-se com os irmãos da ordem. Disse também sob o juramento que a renúncia acima mencionada, executada durante a iniciação, assim como outras coisas descritas que ele exigiu daqueles recebidos por ele, foi feito na palavra somente, e não no espírito. Quando perguntado porque se sentiu culpado e não executou no espírito aquelas, ele respondeu que tais eram os estatutos ou recomendações das tradições da ordem e que esperou sempre que este erro fosse removido da ordem mencionada. Quando perguntado se alguns dos membros recebidos recentemente por ele se recusaram em executar estas coisas desonestas como cuspir e outras descritas e listadas acima, ele respondeu que somente poucos, e geralmente todos fizeram como requisitado. Disse também que embora ele mesmo instruísse irmãos da ordem que iniciou para se juntarem com outros irmãos, não obstante nunca tenha feito aquilo, não ouviu que qualquer um cometesse este pecado, à exceção dos dois ou três irmãos em Outremer que encarcerados no Castelo de Pilgrim. Quando questionado se soube se todos os irmãos da ordem dita fossem iniciados da mesma maneira que ele iniciou outros, disse que não sabe com certeza sobre os outros, apenas sobre si mesmo e aqueles que iniciou, porque os irmãos são iniciados em tal segredo que nada pode ser sabido à exceção diretamente daqueles que estão presentes. Quando perguntado se acreditou que todos foram iniciados nesta maneira, disse que acreditou que o mesmo ritual é usado ao iniciar outro como foi usado em seu caso e enquanto ele mesmo administrou quando recebeu outro. Quando inquirido sobre a cabeça de um ídolo que fosse adorada, reportado pelos Templários, disse que lhe foi mostrado em Montpellier pelo irmão Peter Alemandin, preceptor desse lugar, e que esta cabeça remanesceu na posse do irmão Peter. Quando perguntada sua idade quando foi aceito na ordem mencionada, respondeu que ouviu sua mãe dizer que tinha dezoito. Ele disse também que previamente confessou sobre estas coisas na presença do irmão Guillaume de Paris, inquisidor de ações heréticas, ou do seu deputado. Esta confissão foi registrada pelas mãos e assinada por Amise d'Orleans e outros tabeliões públicos. Ele deseja manter essa confissão, tal como está, bem como mantém a presente confissão que está em concordância com a anterior. E se há qualquer coisa adicional nesta confissão em frente ao Inquisidor ou seu deputado, como dito acima, ele ratifica, aprova e confirma isso.
Quando lhe foi perguntado se confessou estas coisas devido a um pedido, recompensa, gratidão, favor, medo, ódio, ou persuasão por alguma outra pessoa, ou o uso de força, ou medo da tortura ou impedimento, respondeu que não. Quando lhe foi perguntado se após sua prisão foi submetido qualquer questionamento ou tortura, respondeu que não. Após esta, nós concluímos em estender a misericórdia da absolvição por estes atos ao irmão Hugo, que no formulário e na maneira conforme descrito acima renunciou em nossa presença a heresia descrita e todas outras, e jurou em pessoa sobre o Evangelho Sagrado do Senhor, e pediu humildemente a misericórdia da absolvição, restaurando-o à unidade com a Igreja e restabelecendo-o à comunhão, a fé e aos sacramentos da igreja.




Então no vigésimo dia do mês, em nossa presença, e na presença dos tabeliões e das mesmas testemunhas, o irmão-cavaleiro Jacques de Molay, grão-mestre da ordem dos cavaleiros do Templo apareceu pessoalmente e jurando na forma e na maneira descritos acima, e sendo questionado diligentemente, disse que foi a quarenta e dois anos ou perto disso quando foi recebido como um irmão da ordem dita pelo irmão-cavaleiro Hubert de Pérraud, naquele tempo Visitador da França e de Poitou, em Beune, diocese de Autun, no chapel do comanderia local do Templo desse lugar. A respeito da maneira de sua iniciação na ordem, disse que quando recebeu o manto o receptor lhe mostrou a cruz e disse que renunciasse o Deus cuja imagem estava descrita nessa cruz, e que deveria cuspir na cruz. O qual, não cuspiu na cruz, mas próximo dela, de acordo com suas palavras. Disse também ter feito esta renúncia em palavras, não no espírito. Ele foi questionado diligentemente a respeito do pecado de sodomia, da cabeça adorada e da prática dos beijos ilícitos, disse que não sabia sobre aquilo. Quando lhe foi perguntado se confessou estas coisas devido a um pedido, recompensa, gratidão, favor, medo, ódio ou persuasão por alguma outra pessoa, ou o uso da força, ou medo da tortura ou impedimento, respondeu que não.

Quando lhe foi perguntado se, após sua prisão, foi submetido a qualquer questionamento ou tortura, respondeu que não. Após isto, nós concluímos em estender a misericórdia de absolvição por estes atos ao irmão Jaques de Molay, o grão-mestre da ordem mencionada, na forma e na maneira descritas acima, o mesmo renunciou em nossa presença a heresia descrita e qualquer outra, e jurou em pessoa sobre o Evangelho Sagrado do Senhor, e pediu humildemente a misericórdia da absolvição, restaurando-o à unidade com a igreja e restabelecendo-o à comunhão da e aos sacramentos da igreja.

No mesmo vigésimo dia do mês, em nossa presença, e na presença dos tabeliões e das mesmas testemunhas, irmão Geoffroy de Gonneville livremente e dispostamente ratificou, aprovou e confirmou sua confissão assinada que lhe foi lida em sua língua nativa, e deu garantias que pretende atender e manter ambas a confissão e a confissão que ele fez em uma diferente ocasião em frente do Inquisidor esta confissão e a confissão que fez em uma ocasião diferente na frente do Inquisidor ou inquisidores referente às transgressões heréticas acima mencionadas, tanto quanto isto está em concordância com a confissão feita em nossa presença, os tabeliões e testemunhas acima descritas; e se há alguma coisa extra contida na confissão feita em frente ao Inquisidor ou inquisidores, como dito anteriormente, ele ratifica, aprova e confirma isso.

No mesmo vigésimo dia do mês, em nossa presença, e na presença dos tabeliões e as mesmas testemunhas, irmão-preceptor Hugo de Perraud em uma maneira similar livremente e dispostamente ratificou, aprovou e confirmou sua confissão assinada que lhe foi lida em sua língua nativa.
Nós requisitamos Robert de Condet, clérigo da diocese de Soissons, um tabelião pelo poder apostólico, que estava conosco com os tabeliões e as testemunhas listados abaixo, registrar e fazer público como evidência estas confissões, assim como cada coisa descrita acima do que ocorreu na frente de nós, os tabeliões e as testemunhas, e também tudo feito por nós, exatamente como se mostra acima, e para o validar aplicar nossos selos.

Isto foi feito no ano, interrogatório, mês, dia, pontificado e lugar indicado acima, em nossa presença e na presença de Umberto Vercellani, de Nicolo Nicolai de Benvenuto e de Robert de Condet, acima mencionado, também dos mestres Amise d'Orleans, o Ratif, tabeliões públicos pelo poder apostólico, bem como os distintos pios irmãos Raymond, abade do monastério beneditino de St. Theofred, diocese de Annecy, Berard mestre de Boiano, arque-diácono de Troia, Raoul de Boset, confessor e cânon de Paris, e de Pierre de Soire, observador de Saint-Gaugery-Gaugery em Cambresis, que foram escolhidos especificamente como testemunhas.

Eu, Robert de Condet, clérigo da diocese de Soissons, tabelião pelo poder apostólico, observei com outros tabeliões e testemunhas cada e todas as coisas descritas acima que ocorreram na presença dos anteriormente padres reverendos senhores cardeais presbíteros, eu mesmo e outros tabeliões e testemunhas, bem como o que foi feito por seus senhores. Sob as ordens de seus senhores os cardeais presbíteros, eu fiz este registro, coloquei-o em uma forma oficial, e selei isso com meu selo, sendo o que foi pedido.

E também eu, Umberto Vercellani, clérigo de Béziers, tabelião pelo poder apostólico, observei com outros tabeliões e testemunhas cada e todas as coisas descritas acima que ocorreram na presença dos senhores anteriormente mencionados cardeais presbíteros exatamente como está demonstrado acima em completo detalhe. Sob as ordens destes cardeais presbíteros, por garantia adicional, eu assinei ao final deste registro e selei-o com meu selo.

E também eu, Nicolo Nicolai de Benevento, tabelião pelo poder apostólico, observei com os outros acima mencionados tabeliões e testemunhas cada e todas as coisas descritas acima e que ocorreram na presença dos anteriormente mencionados senhores cardeais presbíteros, bem como o que foi feito pelos seus senhores exatamente como está descrito acima em total detalhe. Sob as ordens destes cardeais presbíteros, por segurança adicional, eu assinei abaixo deste registro e o selei com meu selo.

E também eu, Arnulphe D´orléans, chamado o Ratif, tabelião pelo poder da Santa Igreja de Roma, observei com os outros acima mencionados tabeliões e testemunhas, confissões, depoimentos e outros, e cada e todas as coisas descritas acima que ocorreram na presença dos acima mencionados padres reverendos senhores cardeais presbíteros, bem como o que foi feitos por seus senhores exatamente como está descrito acima em total detalhe. Sob as ordens destes cardeais presbíteros, como testemunha da verdade, eu assinei abaixo deste registro e selei com meu selo, sendo o que foi pedido.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

UM ESTUDO SOBRE MAÇONARIA E PARAMAÇÔNICAS.

Tema-Maçonaria
A Maçonaria é uma instituição fraternal iniciática, composta por homens que congregam
ideais construtivistas como a Fraternidade, a Igualdade e a Liberdade. Na maçonaria
exerce-se a caridade que é um dos seus princípios, seus ensinamentos são tradicionalmente
transmitidos por meio de suas simbologias, alegorias e analogias. Sobre a sua origem
temos uma grande discussão, alguns acreditam que a maçonaria descende das Sociedades
Iniciáticas do Antigo Egito, outros dos Antigos Construtores Medievais, e tem alguns que
reivindicam a origem aos Cavaleiros Templários. A Maçonaria denominada simbólica,
possui 3 graus de extrema importância que formam a base de seus ensinamentos.
Os ensinamentos maçônicos são muito profundos, mas cabe ao verdadeiro maçom decifrálos,
os que conseguem descobrem "grandes verdades ".

Ritos Maçônicos
Se denomina de rito maçônico um conjunto sistemático de cerimônias e ensinamentos
maçônicos, esses variam de acordo com o período histórico, conotação, objetivo e temática
dada pelo seu criador, os ritos hoje mais difundido no mundo são: O rito de York, o rito
Escocês Antigo e Aceito, O rito Francês ou Moderno. No Brasil se exercem todos esses,
mais se destacam também o rito brasileiro e o Adonhiramita.

Ritos:(Características):

Adonhiramita: Criado pelo Barão de Tschoudy, ilustre escritor, em Paris, França no ano
de 1766, de caráter místico e cerimonial, atualmente só em funcionamento no Brasil

Brasileiro: Rito que se originou em 1878 em Recife, com o primeiro movimento maçônico
brasileiro, ficou adormecido até que em 1976 por iniciativa de Lauro Sodré, Grão Mestre,
deu o caráter de regular, legítimo e legal para o rito. Este sofreu ainda atualizações, para a
sua forma atual.

Escocês Antigo e Aceito: Derivou-se do Rito de Heredon, em 1º de maio de 1786 foram
fixados as regras e seus fundamentos, composto até hoje de 33 graus, atualmente é o rito
mais difundido nos países latinos. Escocês Retificado(1782):Como o próprio nome afirma,
este rito consiste numa reformulação do R.E.A.A. e o objetivo era retirar um conteúdo por
alguns considerado desnecessários. Estrita Observânça: Criado em 1764 pelo Barão Hund,
com fundamento nas antigas "Ordens de Cavalaria".Era composto de 12 graus,esse rito
deu origem aos ritos da Alta Observância e o da Exata Observância.

Francês ou Moderno: A história deste rito se inicia em 1774, com a nomeação de uma
comissão para se reduzir os raus, deixando apenas os simbólicos, no princípio houve uma
forte oposição, então a comissão decidiu, deixar 4 dos principais graus filosóficos, com o
decorrer do tempo, lojas adotaram o rito, hoje em dia é muito praticado na França e nos
países, que estiveram sob sua influência.

Heredom ou Perfeição: Iniciado em Paris, no ano de 1758.

York (ou Real Arco): Acredita-se ter sido criado por volta de 1743, foi levado a Inglaterra
por volta de 1777, inicialmente foi composto de 4 graus, hoje possui 13, atualmente é o rito
mais difundido no mundo.

Mizraim ou Egípcio: Acredita-se ter surgido na Itália em 1813, e em seguida foi levada a
França por Marc, Michel e Joseph Bédarride, Mizr significa Egito em hebraico, e seus
divulgadores afirmam ser derivado dos Antigos Mistérios Egípcios, possuem 90 graus,
dividido em quatro classes.

Mênphis ou Oriental: Foi introduzido em Marselha(França) pelos Maçons Marconis de
Négre e Mouret, no ano de 1838, esse rito dirige seus ensinamentos como o de Mizraim
para a tradição Egipcia, compões-se de 92 graus, dividido em 3 séries. Mênphis-Mizraim:
Rito criado com a reunião dos ritos de Mênphis e Mizraim em 1899 no Grande Oriente da
França.

Mizraim-Mênphis: Rito criado com a reunião dos dois ritos, com conotação mais voltada
ao Mizraim.

Adoção: Criado pelo grande Cagliostro na França em 1730, e reconhecido pelo Grande
Oriente da França em 1774, trata-se de um rito voltado de temática egípcia, voltado para
mulheres.

Schröeder: Criado por Frederick Louis Schoröeder, em 1766 na Alemanha, com a idéia de
a Maçonaria conter apenas a sua características fundamentais iniciais, sem nenhum
acréscimos, estudou muito as origens maçônicas para compor este rito.

Swenderborg: Criado em 1721 pelo Sueco Emmanuel Swenderborg, grande iluminista,
teósofo, filósofo, psicólogo, e físico, e estudioso dos mistérios maçônicos desenvolveu este
rito com oito graus, e deu origem posteriormente aos ritos denominados de Iluministas.



Tema-filhas de jó
A Ordem Internacional das Filhas de Jó foi fundada
em 1920, na cidade de Omaha, estado de Nebraska, USA, pela Mrs. Ethel Mick, que para as
Filhas de Jó, representa mãe de nossa Ordem, por isso que a chamamos carinhosamente, de
Mãe Mick. E possuem como base o capítulo 42, versículo 15 do Livro de Jó da Escritura
Sagrada, que diz: "Em toda Terra não se encontraram mulheres tão formosas como as Filhas
de Jó e seu pai lhes deu herança entre seus irmãos."As Filhas de Jó estão presentes em
alguns países como: Canadá, Austrália, Estados Unidos, Filipinas, Guianas e Brasil.No Brasil
está desde 1990, que foi trazida pelo Ilmo. Tio Alberto Mansur. E o 1º Bethel Brasileiro está
instalado na cidade do Rio de Janeiro.O lugar das reuniões é chamado de Bethel, que significa
"lugar sagrado". A Ordem Internacional das Filhas de Jó, está divida em Bethéis, ou seja, cada
localidade possui um Bethel, onde são realizadas as reuniões. Muitas vezes, um Bethel se
reúnem em um templo maçônico, assim como a Ordem DeMolay. Os membros são
reconhecidos pelo seus hobbys (túnicas) brancos, utilizados na época de Jó. As cores desta
ordem são: branco, pureza e púrpura (roxo), significando realeza. Tem como lema:"A virtude é
uma qualidade que grandemente honra uma mulher."
A ordem foi desenvolvida com a finalidade da formação do caráter moral, intelectual e espiritual
das jovens. Trabalhando com a oratória em público, respeito aos pais, mães e guardiões,
fraternidade, amor à pátria, além da realização de trabalhos filantrópicos. Os trabalhos
ritualísticos da Ordem Internacional das Filhas de Jó pode ser assistido por tios maçons e
membros do Conselho Guardião.Mas, o que vem a ser o Conselho Guardião? São os
conselheiros de um Bethel, por eles passam todas as decisões que as Filhas venham a tomar
e aconselhando da melhor maneira, para o bem de todo o Bethel. Os membros do conselho
guardião é composto por tios maçons e esposas de maçons.
Como se tornar um membro desta Ordem?? É necessário ser uma jovem, com idade 11 a 20
anos incompletos (19 anos), ter parentesco maçônico, podendo ser: filha, neta, sobrinha,
afilhada de um maçom regular. Ao completar 20 anos, a irmã torna-se Membro de Maioridade,
deixando de usar o hobby (túnica) de Filha de Jó.Assim como as Lojas Maçônica possuem um
Venerável Mestre ou o Capítulo Demolay possuem um Mestre Conselheiro, as Filhas de Jó
também possuem uma Honorável Rainha, que representa a Filha mais velha de Jó, fica a seu
encargo presidir todas as reuniões do Bethel.
Um Bethel é composto pela Tríade, que representa as 3 filhas de Jó, composta por Honorável
Rainha, 1ª e 2ª Princesas. E a linha sucessória, composta pela Tríade e mais os cargos de
Guia e Dirigente de Cerimônia. Demais cargos de um Bethel: Secretária; Bibliotecária;
Capelã;Tesoureira; 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª Mensageiras; Musicista; Guarda interna e Guarda externa;
1ª e 2ª Zeladoras; Porta-Bandeira.
São 20 cargos e as demais irmãs onde ficam?? Bem, estes membros ficam no Coral do Bethel,
durante sua estadia no coral, as irmãs estão se aprimorando para se tornar uma oficial, isto é,
ocupar um cargo executivo.
Cada Gestão dura em torno de 6 meses.


Tema-Fraternidade feminina
A Fraternidade Feminina não é uma "maçonaria feminina", mas sim uma organização paramaçônica,
com personalidade, estatuto e ideário próprios.
Normalmente, as Fraternidades são formadas por esposas de maçons, chamadas por nós de
"cunhadas", sobrinhas e parentes de maçons. Senhoras e moças do convívio de maçons
também podem se integrar.
A organização das Fraternidades Femininas tem sua representatividade em todos os níveis, a
exemplo das Lojas Maçônicas, assim, existe uma organização Nacional, Estadual, Regional e
Local ( de cada Loja ).
A Diretoria Nacional, as Diretorias Estaduais e os Grão-Mestres Estaduais estão
desenvolvendo todo o apoio necessário para o fortalecimento das Fraternidades Femininas.
Entendem que uma Loja Maçônica será sempre mais alegre, pacífica e trabalhadora, com a
presença e participação das mulheres.
Elas são os instrumentos de integração e fortalecimento da Família, instituição considerada a
muito importante para maçons.
As atividades femininas numa Loja Maçônica conscientizam os maçons do papel da mulher na
educação, saúde, união e presença cristã nos lares.


Tema-APJ
Ação Paramaçônica Juvenil - APJ é uma
instituição paramaçônica para jovens, de âmbito nacional no Brasil, criada pelo Grande
Oriente do Brasil, órgão agremiador da maçonaria brasileira.
A APJ como é conhecida pelos jovens e adultos envolvidos em suas atividades é uma
proposta da maçonaria brasileira para criar uma reserva moral para o Brasil. Dentre os
princípios norteadores da APJ encontram-se o estudo das personalidades históricas
brasileiras, o conhecimento sócio-político do país, noções de cidadania, patriotismo,
fidelidade, ética, além do desenvolvimento de talentos adicionais ao esporte, artes,
literatura e liderança.
O projeto inicial da APJ se deu em 15 de abril de 1983, quando a Assembléia Federal
Legislativa da maçonaria brasileira aprovou a criação da lei n.º 02/83 que previa a
criação e manutenção da APJ/GOB.
Para participar da APJ é necessário ter entre 07 e 21 anos e ser indicado por um
membro já atuante. O trabalho na APJ é gratuito e é tutelado pela Maçonaria. Cada
Grão-Mestre Estadual é responsável direto pelo desenvolvimento da APJ em seu
Estado.
O patrono e símbolo cívico geral da APJ é Olavo Bilac.


Tema-Rainbow girls
A Ordem Internacional do Arco-Íris para Meninas é uma organização criada pela
Maçonaria, para moças de 12 anos completos a 20 anos, com ou sem parentesco
maçônico, necessitando apenas de um ' apadrinhamento ' de um maçom ativo. Pode
ser de qualquer religião, contanto que acredite em Deus. Tem como objetivo moldar
pessoas educadas e amigas, que se importam com o mundo e gostam de ajudar. A
Ordem foi fundada em McAlester, Oklahoma. Seu início, elaboração do primeiro ritual
e elaboração das leis que regem uma assembléia, são frutos do trabalho do Venerável
Willian Mark Sexson, Maçom de grau 33 de McAlester. A Ordem foi criada dia 6 de
abril de 1922. A partir desta data foi criando-se assembléias Arco-Íris em várias
jurisdições pelo mundo, dentre elas estão: Estados Unidos, Brasil, Alemanha,
Austrália, Filipinas, Japão e Canadá, para citar apenas algumas, sendo que a maior
parte se encontra nos Estados Unidos.
A Ordem Internacional do Arco-Íris para Meninas enfatiza sete virtudes (assim como
os DeMolays,porém nao são concedidas como sete cores, mais sim sete virtudes
cardeais), as quais são representadas pelas sete cores:
• Vermelho: representa o amor, que enfatiza a importância do amor em casa e
com a família.
• Laranja: representa a religião, que enfatiza a importância do companheirismo e
da ativa participação na igreja.
• Amarelo: representa a natureza, que é responsável por nossa vitalidade e a
qual devemos respeitar.
• Verde: significa a imortalidade, pois mesmo que o corpo morra, a alma vive
pela eternidade.
• Azul: significa a lealdade para com a Ordem Internacional do Arco-Íris para
Meninas, família e amigos.
• Anil: significa patriotismo, dando importancia ao respeito ao seu pais, tal como
sua bandeira.
• Violeta: representa o serviço, o que é a principal causa enfatizada pelas Ordem
e outros membros maçônicos.
• Branco: é o simbolismo da união de todas as cores do Arco-Íris.


Tema-Estrela do oriente
A Ordem da Estrela do Oriente é uma
Organização Paramaçônica e fraternal, onde fazem parte homens Maçons e
mulheres acima dos 18 anos com parentesco maçônico. Não é uma seita, não
é uma religião e nem uma Sociedade Feminista.
Tem como propósito ressaltar valores morais, espirituais, edificar caráter,
educar, fazer caridade e servir ao próximo, através de seus trabalhos
ritualísticos e filantrópicos.
Existe entre seus membros um elo fraternal, fazendo-os cada vez mais unidos.
Criando oportunidades de servir ao próximo sempre que for possível.
Um dos grandes objetivos da Ordem é dar suporte à Ordem Internacional do
Arco-Íris para Meninas, incentivando-as a Liderança, dentro de Valores Morais.
A Ordem foi fundada em 1850 por Robert Morris que nasceu em
Massachusetts nos Estados Unidos, em 31 de agosto de 1818. Era Advogado
e Professor universitário, Mestre-Maçom e Grão-Mestre do Estado de
Kentucky.
A Estrela do Oriente expandiu-se e hoje está presente em vários países, como:
nos Estados Unidos, na França, na Inglaterra, na Itália, na Espanha, na
Alemanha, no México, no Panamá, nas Filipinas, no Japão, no Alaska, em
Porto Rico, no Havaí, na Austrália, no Canadá e no Brasil, com
aproximadamente 1.200.000 membros.
Para se tornar membro, é preciso ser esposa ou viúva, mãe, madrasta, bisavó,
avó, sogra, filha, filha adotiva, neta, irmã, sobrinha, nora ou cunhada de
Maçom, e ter no mínimo 18 anos de idade.
Os principais requisitos são: Acreditar em um Ser Supremo; Ser pessoa de boa
Conduta Moral; Ter consciência de bom relacionamento de amizade, fidelidade
e irmandade para que possa fluir a Harmonia.
As reuniões são realizadas em Templos Maçônicos ou Salas Capitulares.
Para formar um Capítulo são necessários 18 membros, sendo 16 senhoras e 2
Mestres Maçons, com o patrocínio de uma ou mais Lojas Maçônicas regulares.


Tema-Ordem dos escudeiros(DeMolay)
A Távola Redonda é uma organização internacional
patrocinada pela ORDEM DeMOLAY, feita para crianças, do sexo masculino,
com fins educacionais e cerimoniais, fundada 1922.
O nome “Távola Redonda”, relacionado a lenda do Rei Artur, foi escolhido
porque aquela antiga ordem possuía os mais elevados ideais de serviço,
perfeição, camaradagem e igualdade entre os Cavaleiros. Dessa forma, é
importante que se forme um grupo de meninos, futuros homens, com os
mesmos ideais para corrigirem as muitas injustiças que afligem a humanidade.
A Ordem dos Escudeiros da Távola Redonda é uma organização reconhecida
desde 1995, que se dirige a crianças do sexo masculino, entre 07 e 12 anos,
fazendo com que eles participarem de atividades com os DeMolays,
respeitando-se as diferenças de idade entre os membros das duas Ordens.
Ordem DeMolay e a Ordem dos Escudeiros
A Ordem dos Escudeiros da Távola Redonda é uma entidade que faz
parte da Ordem DeMolay colocando garotos de ambas as Ordens em contato
freqüente. As reuniões são todas uniformes, sendo denominada “ritualisticas”.
O “Ritual” é bem simples e as reuniões ocorrem mensalmente, fazendo com
que os jovens se familiarizem com as práticas de uma sociedade iniciática, sem
sobrecarregá-los e sem tornar o grupo desestimulante. Por isso, é imperativo
que se realizem atividades simples, que os faça tornar amigos e se integrar à
Família DeMolay.
Cada Távola é patrocinada por um Capítulo DeMolay e fica sob auspícios
do Conselho Consultivo correspondente (Grupo de Maçons responsável pelos
DeMolays). Há um DeMolay, denominado de Nobre Cavaleiro, que funciona
como Consultor (Responsável pelos Escudeiros). É ele quem acompanha os
jovens Escudeiros, durante as cerimônias, e por isso ele deve ser considerado
um irmão mais velho destes meninos.
As Cerimônias da Ordem foram escritas para serem facilmente lidas e
aprendidas pelos Escudeiros, ensinando-lhes lições morais de alto valor, como
serem sempre educados e leais, a dizerem a verdade, a preocuparem-se com
o próximo, a se empenharem nos estudos, entre outras. Estes ensinamentos
são os mesmos que são ministrados aos DeMolays, com as devidas
adaptações.


Tema-Ordem DeMolay
A Ordem DeMolay é a maior organização fraternal juvenil
do mundo, de fins filosóficos e filantrópicos, para a qual somente jovens homens, de 12 à 21
anos, podem ingressar. A Ordem DeMolay procura trabalhar a formação do caráter dos jovens
nos mais diversos aspectos, preparando-os para serem melhores homens, cidadãos e líderes
no futuro, incutindo-lhes a importância de uma vida com retidão, baseada em valores e ideais
que devem ser cultivados, e desenvolvendo o conjunto de fatores que formam a
personalidade de todos os homens de bem que lutam pela emancipação pacífica e progressista
da humanidade.
A Ordem foi criada em 18 de Março de 1919, em Kansas City, Missouri, por Frank
Sherman Land, que como Maçom ativo, obteve o apoio da instituição. Desde então os
Capítulos são patrocinados por Lojas Maçônicas.
A Ordem DeMolay veio para o Brasil através do Tio Alberto Mansur. O Brasil é país
onde a Ordem DeMolay mais cresce, depois dos Estados Unidos, com cerca de 20 mil
jovens iniciados espalhados por mais de 170 Capítulos por todo o país.
A Ordem carrega o nome de Jacques DeMolay, como seu patrono, mártir de lealdade
e tolerância. Jacques DeMolay, foi um expedicionário das cruzadas, no século XIV. Foi
queimado no fogueira da Inquisição por não trair seus irmãos e seguidores. Do seu
exemplo, a Ordem DeMolay aprendeu a lição da importância da honestidade, da
lealdade e do amor fraterno. Nós DeMolays reverenciamos sua memória e tentamos
viver nossas vidas baseadas nestes princípios.
Este treinamento baseia-se principalmente no verdadeiro coração da Ordem DeMolay
- seu Ritual - meio por onde o jovem elimina qualquer sentimento de inutilidade, ao
contrário, dando aos jovens a certeza de ser alguém.
Através de projetos filantrópicos, o DeMolay demonstra sua preocupação com os
menos afortunados e com a sociedade, dando ao jovem um senso de satisfação por
estar contribuindo na ajuda à humanidade, tornando o mundo um melhor lugar para
todos.
Os objetivos da Ordem DeMolay são metas que os líderes e todos os demais devem
se esforçar por alcançar, não somente nos dias das reuniões, mas sim em cada
momento de suas vidas, em todos os dias, em todas as suas atividades.
Sem pretensão de tomar o lugar do lar, da igreja ou da escola, a Ordem exerce um
papel coadjuvante, mas importante, com um programa de ensinamentos que visa uma
boa cidadania a seus membros.
A Ordem DeMolay não pretende ser um pequeno grupo dentro da comunidade, mas,
sim, uma organização que fará todos o possível para trazer para junto de si êmio todo
jovem que se encontre nas condições exigidas.
Para adentrar a esta grandiosa organização de jovens, que é a Ordem DeMolay, o
jovem precisa trazer consigo sete princípios básicos e considerados pela Ordem de
Suma importância para a formação de qualquer homem ou DeMolay. E se algum
jovem abraça estas sete Virtudes, com certeza não passará despercebido pela Ordem
DeMolay. Um DeMolay vendo um jovem que carrega consigo a filosofia e os princípios
da Ordem DeMolay tem a obrigação de fazer-lhe o convite de vir a ser um DeMolay,
dividindo com ele as alegrias e as espirituais recompensas da Ordem DeMolay,
praticando ao mesmo tempo os magníficos ensinamentos da Ordem.
Assim, a Ordem DeMolay possui em seu fundamento sete princípios basilares, os
quais são chamados Virtudes Cardeais: Amor filial, Reverência pelas Coisas
Sagradas, Cortesia; Companheirismo, Fidelidade, Pureza e Patriotismo.
Na Ordem DeMolay o jovem é encorajado a se expressar e fazer suas opiniões
conhecidas; falar com outros jovens e discutir problemas comuns à juventude e a cada
um é o primeiro passo. Também na Ordem DeMolay, o jovem será ajustado a se
tornar um tipo de pessoa que será um crédito para a sociedade, não por ser forçado à
isso, mas porque sentirá uma vontade própria porque essa é a coisa certa a fazer,
como homem ou como DeMolay. Com as pressões de hoje sobre o jovem e as
exigências postas sobre eles, cabe-lhes o direito de serem chamados de jovens, e
como resultado, o mundo tem o direito de esperar que eles conduzam suas vidas de
acordo. A Ordem DeMolay transforma bons jovens em melhores jovens. A Ordem
DeMolay tem o poder de alistar jovens de bons princípios, e transformá-los em
verdadeiros líderes, dando-lhes os ensinamentos e leis diárias para dirigir os rumos de
suas vidas e até da sua nação. Cada jovem é um líder em potencial; falta-lhe o devido
treinamento, e isto a Ordem DeMolay fornece a ele.
Este treinamento baseia-se principalmente no verdadeiro coração da Ordem DeMolay
- seu Ritual - meio por onde o jovem elimina qualquer sentimento de inutilidade, ao
contrário, dando aos jovens a certeza de ser alguém.
Através de projetos filantrópicos, o DeMolay demonstra sua preocupação com os
menos afortunados e com a sociedade, dando ao jovem um senso de satisfação por
estar contribuindo na ajuda à humanidade, tornando o mundo um melhor lugar para
todos.
Os objetivos da Ordem DeMolay são metas que os líderes e todos os demais devem
se esforçar por alcançar, não somente nos dias das reuniões, mas sim em cada
momento de suas vidas, em todos os dias, em todas as suas atividades.
Sem pretensão de tomar o lugar do lar, da igreja ou da escola, a Ordem exerce um
papel coadjuvante, mas importante, com um programa de ensinamentos que visa uma
boa cidadania a seus membros.
A Ordem DeMolay não pretende ser um pequeno grupo dentro da comunidade, mas,
sim, uma organização que fará todos o possível para trazer para junto de si êmio todo
jovem que se encontre nas condições exigidas.
Para adentrar a esta grandiosa organização de jovens, que é a Ordem DeMolay, o
jovem precisa trazer consigo sete princípios básicos e considerados pela Ordem de
Suma importância para a formação de qualquer homem ou DeMolay. E se algum
jovem abraça estas sete Virtudes, com certeza não passará despercebido pela Ordem
DeMolay. Um DeMolay vendo um jovem que carrega consigo a filosofia e os princípios
da Ordem DeMolay tem a obrigação de fazer-lhe o convite de vir a ser um DeMolay,
dividindo com ele as alegrias e as espirituais recompensas da Ordem DeMolay,
praticando ao mesmo tempo os magníficos ensinamentos da Ordem.


Tema-Ordem da cavalaria
A Ordem da Cavalaria é uma Organização paralela
de antigos DeMolays. O programa da Cavalaria é para DeMolays Ativos entre
17 e 21 anos de idade que são organizado em um denominado CONVENTO
com seu próprio Ritual e Oficiais.
O nome oficial da Ordem da Cavalaria é: "Nobres Cavaleiros da Ordem
Sagrada dos Soldados Companheiros de Jacques DeMolay". Não é um Grau
Honorífico ou um prêmio, mas um Corpo de trabalho cujo propósito é o de
estender servir a Ordem DeMolay.
As principais funções de um Convento de Nobres Cavaleiros são:
1. Desenvolver e apoiar a Ordem DeMolay e os seus Capítulos.
2. Manter o Interesse e a dedicação dos DeMolays antigos.
3. Providenciar um programa de atividades para os membros do Convento.
A Ordem da Cavalaria foi criada em 1946, quando foi apresentada perante ao
Supremo Conselho Internacional. Através dos anos, as atividades dos Cavaleiros tem
consistido de programas sociais e educacionais voltados para os DeMolays mais
antigos, com ênfase especial ao planejamento de uma carreira e atividades em grupo,
uma vez que é nesta faixa etária que o jovem começa a definir seus objetivos
profissionais. A Ordem da Cavalaria possui dois graus: O Grau da Cavalaria e O Grau
do Ébano. Ao completar 17 anos de idade, todo DeMolay regular em seu Capitulo tem
o direito de ser investido no Grau da Cavalaria, sendo o Convento proibido de realizar
sindicância, Escrutínio, ou cobrança de qualquer espécie de questionário ou trabalho
para avaliação dos conhecimentos do DeMolay à ser investido. Atingindo a idade de
19 anos, o jovem Cavaleiro deve ser automaticamente investido no Grau do Ébano.
O jovem que desejar ser investido nos graus da Cavalaria, deve solicitar uma proposta
ao protocolista do convento, e pedir ao Consultor de seu Capítulo que assine no local
Indicado. É a assinatura do Consultor que garante que ele é um DeMolay ativo em seu
Capítulo, que não está suspenso, e que está em dia com suas obrigações, não
havendo portanto nada que desabone seu ingresso nas fileiras de um Convento de
nobres Cavaleiros. A proposta também deve ser assinada por dois Cavaleiros, porém
alertamos aos Cavaleiros que não utilizem Isto como forma de seleção, só assinando
uma proposta após ter consultado os membros do seu Convento.
No momento de sua investidura no Convento, ele deve apresentar o seu DeMolay
Card em dia, e o cartão do seu último exame de proeficiêncía, já que no decorrer de
sua Cerimônia de Investidura, ele deverá lembrar de todas as promessas feitas
perante o altar de seu Capítulo. Em último caso, se o Cartão de Proeficiência não tiver
sido emitido pelo Capítulo do Candidato, o 1º Diácono do Convento deve realizar o
exame de proeficiência antes da Investidura, e o Convento emitirá um novo cartão de
proeficiência.
Obs.: O exame de Proeficiência, que deve ser realizado de seis em seis meses,
consiste na cobrança dos questionários dos Graus Iniciátlco e DeMolay, pelo 1º
Diácono do Capítulo, em sessão aberta do Capítulo, conforme consta em nossos
rituais na parte questionário para exame. Ao ser aprovado, o DeMolay receberá o
Cartão de Proeficiência, emitido pelo Secretário do Capitulo. É necessário portanto
que os Diáconos dos Capítulos e Conventos, assim como todo DeMolay, tenham estes
questionários corretamente memorizados, já que no momento do exame eles não
poderão estar portando o mesmo.
A Ordem da Cavalaria é para DeMolays que já tenham completado 17 anos e que
ainda não atingiram 21 anos porém, no momento da Instalação de um novo Convento,
o Oficial Executivo e o Supremo Conselho poderão autorizar Seniors DeMolays que
continuam trabalhando pela Ordem à iniciar. O Senior Cavaleiro (maior de 21 anos)
não pode ocupar cargo de Oficial, exceto o de Protocolita.
A taxa de Investidura no Grau de Cavaleiro é de 15% do Salário Mínimo que deve ser
enviada ao Oficial Executivo Regional, no prazo de dez dias, juntamente com a
respectiva via do formulário específico. O Oficial Executivo enviará o formulário,
juntamente com a referida taxa para o Supremo Conselho que então, emitirá o diploma
do Grau e a Carteira de Cavaleiro DeMolay, e os enviará para o Convento. Não há
taxa referente à Investidura ao Grau do Ébano, devendo o Sir Protocolista apenas,
preencher e enviar o formulário, para fins de registro.
Para ser Oficial de um Convento, inclusive Ilustre Comendador, o Cavaleiro não
precisa possuir o Grau do Ébano, pois neste grau, todos os cargos são simbólicos,
podendo serem ocupados por qualquer Cavaleiro que o possua; E ao contrário do
Capitulo, onde todo assunto deve ser tratado em sessão administrativa do Grau
DeMolay, sem a participação dos iniciáticos, no Convento os Assuntos são tratados
em sessão aberta no Grau da Cavalaria, com a participação de todos os Cavaleiros.
Nas convocações ( denominação correta das reuniões de um Convento ) e nas
correspondências dos Conventos, usamos o tratamento de "Sir,"' porém, este
tratamento não deve ser usado nos Capítulos e outros Corpos Subordinados da
Ordem DeMolay, onde usamos o tradicional "Irmão", mesmo ao nos dirigirmos à um
Cavaleiro.
Os paramentos do Convento (Colar verde de oficial, espadas e faixa de não-oficial)
não devem ser usados fora das convocações dos Conventos, exceto quando o
Convento tiver sido convidado para conduzir ou tomar parte em uma cerimônia de
Capítulo, ou em uma Cerimônia de Apresentação da Ordem DeMolay.


Tema-Chevalier
Chevalier é a mais alta honraria que um DeMolay ativo pode
receber, mas que também pode ser concedida a Seniores DeMolay. Esta honraria é uma
citação por atividade e trabalho destacáveis e notáveis em favor à Ordem DeMolay. O
nomeado deve ter um mínimo de 17 anos de idade e tem que ser um membro em bom
estado há pelo menos dois anos.
Esta honraria não pode ser requerida, e a nomeação é feita sem o conhecimento do
DeMolay a ser distingüido. O voto unânime do Supremo Conselho da Ordem DeMolay
para o Brasil na sua sessão regular é necessário para eleger o nomeado.
As recomendações devem ser feitas pelos Conselhos Consultivos ao Oficial Executivo
da jurisdição, que retém os formulários de nomeação. As nomeações devem ser
encaminhadas ao Oficial Executivo para registro. A cada ano uma taxa de nomeação é
estabelecida pelo Grande Secretário do Supremo Conselho, a qual cobre o processo e
os paramentos. A taxa deve ser submetida com o formulário de nomeação completo ao
Oficial Executivo.
Os paramentos são distribuídos sob direção do Oficial Executivo, exceto o anel, que
deve ser adquirido a parte.
A Cerimônia de Investidura deve ser realizada num prazo de até um ano após a data da
eleição. A Cerimônia é pública, podendo ser realizada até mesmo fora de Templo.
Adaptado do Livro "DeMolay Leader's Resource Guide" por Chev:. Sir Marcelo HB
Santos
História da Organização
retirado do livro "Hi, Dad!", de Herbert E. Duncan
Prefácio introdutório:
Frank Shermann Land:
Clarence Barnickel: membro do Preceptório da Legião da Honra Mãe, de Kansas City,
MO, EUA
Gorman McBride: o primeiro Mestre Conselheiro da história da Ordem DeMolay
Frank e Clarence conversavam a respeito da Legião da Honra. De acordo com o
segundo, a cada ano os membros do Preceptório estavam se tornando mais velhos,
mesmo os recém-iniciados
"Você está certo, Clarence, a idade média daqueles que estão recebendo a Legião da
Honra tem aumentado quando reconhecemos aqueles que eram DeMolays e durante os
anos têm demonstrado a promessa de alcançar sucesso em suas vocações. A idade
média provavelmente vai aumentar enquanto você for envelhecendo; eu tenho notado
isso. Tenho falado com muitos de nossos homens e nós sentimos que deveria haver um
outro prêmio - talvez um Grau - para reconhecer DeMolays que demonstram liderança
extraordinária".
"É estranho," ele continuou, "que você tenha trazido isso nessa hora em particular.
Lembra-se nos primeiros dias, cerca de 1920, alguns de vocês eram escolhidos para
ajudar com as turmas de novos membros e para colaborar comigo. Para identificá-los
como líderes, vocês usavam bonés amarelos em todas as reuniões?"
"Lógico que me lembro. Gorman McBride e todos os outros eram orgulhosos por esses
bonés. Eles eram como os bonés usados pelos membros do Rito Escocês, apenas com
cores diferentes."
Tio Land sorriu, "E do que nós os chamávamos? Lembra-se do nome escrito no
chapéu?"
"Sim. Era 'Chevalier'!"
O Grau de Chevalier foi aprovado em 11 de abril de 1936. A honraria foi conferida aos
membros da Ordem DeMolay que haviam realizado serviço excepcional e meritório à
Ordem, que haviam atingido a idade de 18 anos (mais tarde mudada para 17) e que
tivessem sido membros de um Capítulo por ao menos dois anos. Ninguém poderia
requerer essa distinção. O voto unânime do Grande Conselho (mais tarde Supremo
Conselho Internacional da Ordem DeMolay), na sua sessão regular, era requerido para
que um nomeado fosse eleito para receber o "Grau de Chevalier".
Esse foi o primeiro Ritual escrito sem Frank Marshall. Frank Land tinha dado ajuda e
orientação em todos os serviços rituais escritos anteriormente. Agora ele aceitava o
desafio de escrever um Ritual para a apresentação desse novo Grau que como ele
mesmo referiu, "o mais alto prêmio para relevante serviço DeMolay, sendo um presente
do Grande Conselho. Apenas um prêmio, a Legião da Honra, para liderança fora de série
e serviço à humanidade," ele escreveu, "ultrapassa essa distinção".
O Ritual, muito mais curto que o da Cerimônia da Legião da Honra, contém um tom
religioso mais profundo. Pela primeira vez num Ritual DeMolay uma grande porção das
Escrituras foi incluída. Land era um mestre sobre a Bíblia, ele viveu sobre ela e a leu
várias vezes durante seus períodos matutinos de contemplação e oração. Ele incluiu as
"palavras inspiradoras de Davi que cantou da segurança do Piedoso no nonagésimo
primeiro capítulo dos Salmos". À essa crença a Deus, ele acrescentou, "aquela coisa
sagrada chamada de Lar" e "aquele patriotismo que, enquanto faz saber todos os
homens sobre seus direitos, ainda o faz atento aos direitos de todos os outros homens".
Era uma apresentação dramática do propósito que ele sempre tinha associado à Ordem
DeMolay - amor a Deus; amor ao lar; amor ao país. O juramento, curto, breve e cheio de
significado para os anos que viriam, concluíam com uma linha que continha o tema do
Grau - "Eu ainda mais prometo e faço votos que eu, a cada dia daqui em diante, esforçarme-
ei para seu um homem melhor do que tenho sido até agora. Que Deus me ajude".
A figura geométrica do triângulo sempre foi uma parte da Ordem e agora, neste Grau, a
figura do círculo foi introduzida, não apenas no anel colocado no dedo médio da mão
esquerda mas também como o Grande Comendador no drama da cerimônia diz, "Meus
Irmãos, vocês se ajoelharão formando um círculo ao meu redor". Com os designados
ajoelhando a oração era feita e o cordão e o medalhão de um Chevalier era colocado
sobre o pescoço e ombros assim que cada jovem se levantava e ficava em pé.
Este círculo de companheirismo se tornou uma parte tradicional de muitos serviços de
rededicação. Nas alturas dos Rockies no Colorado (Estado dos EUA) sob a sombra do
Pico Long, ou numa clareira nos altos pinheiros dos Smokies na Carolina do Norte, ou
nas crateras das dunas de areia de Asilimar, Califórnia, os garotos nos Acampamentos
de Liderança reuniam-se à noite, formavam um grande círculo ao redor de uma fogueira.
Lá eles se libertariam para que assim pudessem ver apenas a noite, as estrelas, e o
mundo no qual eles estavam sozinhos no limiar da aventura de suas vidas. Apenas a
quietude -- e ainda como as palavras de Carruth era o puxão do desconhecido:
Como as marés numa praia crescente,
Quando a Lua está nova e magra,
Dentro de seus corações altos anseios
Vêm brotando e agitando-se --
Vêm do oceano místico,
Vêm brotando e agitando-se -
Cuja borda nenhum pé já pisou,
Alguns de nós o chamam Dedicação,
E outros o chamam de Deus.
Então, assim que eles viravam seus rostos em direção ao fogo, eles descobriam a
presença de seus companheiros. Eles não estavam sozinhos. Ombro a ombro eles
ficavam em pé com os outros que os ajudariam através de todos os anos e haveria luz
suficiente na escuridão para iluminar seus caminhos.
Um curioso acontecimento nos causou dúvida a quem foi o primeiro Chevalier. Land
tinha acabado a pouco de escrever seu Ritual quando ele decidiu que dois dos jovens do
Grupo da Sede deveriam passar pelo juramento. Ele chamou John McKibben e Jack
Renick para virem a seu escritório. Ambos estavam no porão do edifício e como na
história de São João, "Então eles correram ambos juntos; e o outro ultrapassou Pedro e
chegou na frente". John ultrapassou Jack e se tornou o primeiro a passar pelo
juramento de um Chevalier e o primeiro listado na investidura formal, mas Jack insistiu
que cada um deveria entrar escritório de Tio Land quase ao mesmo tempo, no mesmo
segundo.
Na primeira apresentação pública no Pequeno Teatro do Auditório Municipal de Kansas
City, em 2 de junho de 1937, Land assumiu o posto de Grande Comendador ajudado
pelos membros da Legião da Honra. Robes amarelo dourados foram usados e os
cordões presenteados eram da mesma cor com um medalhão retratando Jacques
DeMolay, o mártir.
O nome "Chevalier" foi bem escolhido. A Cavalaria sempre ocupou posição central na
Ordem DeMolay e a tradução francesa da palavra portuguesa "Cavaleiro" é "Chevalier".
Ambas as palavras vêm de uma origem comum que significa "montado a cavalo"
sugerindo que o cavaleiro ou chevalier cavalgava numa batalha ao invés de lutar de pé
como um soldado comum nas colunas.
Mais ainda, no xadrez, o "cavaliero" é representado como um cavalo que tem grande
mobilidade e pode virar no ar, enquanto o "peão" como um soldado a pé pode apenas
andar pesadamente adiante num caminho reto fixo. A palavra cavalo em português se
torna a palavra "cheval" em francês. O título de Chevalier é geralmente mencionado nas
histórias das Cruzadas, especialmente nos contos da Primeira Cruzada que foi
majoritariamente uma expedição francesa. Esta Cruzada foi convocada pelo Papa
Urbano II nos últimos anos do século onze assim que ele pregou na França com tais
comoventes palavras que as multidões gritavam "Deus o quer" (Deus lo volt). Haviam
grandes nomes -- Raymond, Godfrey, Bohemund, Filipe I, e Tancredo de Hauteville
decrito como um típico chevalier, sendo bonito, sem temor, galante, generoso, amante
da glória e da riqueza, e universalmente admirado por sua coragem.
Há uma descrição da cerimônia de investidura encontrado numa antiga inscrição inglesa
que relata:
"Ele que está para ser feito um Cavaleiro é atingido pelo príncipe com uma espada
sacada sobre suas costas ou ombro, o príncipe dizendo, 'Soys Chevalier!' Quando o
Cavaleiro se levanta o príncipe diz 'Avancez'."
Land devia ter isso em mente quando ele concluiu a cerimônia da noite ao dizer, "A cada
um de vocês que foi honrado pela Ordem DeMolay ao receber o Grau de Chevalier, eu
digo, 'Levante-se, Chevalier' e avance sempre adiante a partir desta hora".


Tema-Clube de pais e mães
Logo no início da história DeMolay, a Ordem
providenciou um modo para os pais dos membros se tornarem próximos à
Organização. O interesse dos pais no bem-estar de seus filhos inspirou a idéia
de organizar as mães numa unidade ativa. Através dos anos, os grupos de pais
têm provado ser uma fonte de força para os Capítulos e uma real adição ao
Grupo de Liderança Adulto da Ordem DeMolay.
Hoje, Clubes de Pais e Mães combinam energias e talento tanto dos pais
quanto das mães, bem como de guardiões e padrastos. Trabalhando junto,
esses pais podem ser uma tremenda ajuda ao Conselho Consultivo e mesmo
ao Capítulo.


Tema-Associação alumni
A Associação Alumni tem como meta providenciar para que
cada Alumni se envolva em alguma extensão. O nível de envolvimento é uma
decisão pessoal. Mas, se um Alumni pode se envolver em um projeto, uma vez
por ano, ele fará a diferença na vida de um jovem.
O sucesso da Ordem DeMolay depende da habilidade para desenvolver uma
teia de trabalho da Alumni em uma forte fundação, sob a qual estará alicerçado
o futuro. A Ordem DeMolay é de uma importância significativa para milhares de
jovens, demonstrada na capacidade e mérito profissional dos Seniores
DeMolays. Eles honram a si próprios e a Ordem a que pertencem.
Passado Brilhante - Futuro Iluminado
A Ordem DeMolay tem tido significativo impacto nas vidas de milhares de
jovens, e por sua vez eles têm respondido pela significante contribuição à
nossa qualidade de vida, através de suas realizações profissionais. Eles
honraram a si mesmos e à Ordem DeMolay.
A lista de eminentes Seniores DeMolays inclui astronautas, governadores,
congressistas, generais, inventores, artistas, embaixadores, escritores, atletas,
altos executivos e um Presidente dos Estados Unidos. Alguns dos mais
excepcionais Seniores DeMolay são:
Presidente Bill Clinton
Walter Cronkite (jornalista)
Walt Disney (desenhista)
Gary Collins (estrela de televisão)
Bob Mathias (campeão olímpico)
John Steinbeck (escritor)
Frank Borman (astronauta)
Reubin Askew (Governador)
John Wayne (ator/patriota)
Senador Mark Hatfield (senador americano)
Dan Rather (apresentador de noticiário de televisão)
Mel Blanc (dublador das vozes de Pernalonga e centenas de outros
personagens de desenhos animados)
John Cameron Swayze (jornalista)
Willard Scott (estrela de televisão)
A Associação de Seniores DeMolays reconhece não só os méritos dos nossos
já bem sucedidos Seniores, também reconhece que a próxima geração de
líderes está sendo preparada pela Ordem DeMolay.
Os seniores começaram a Galeria Internacional da Fama DeMolay, e ela
continua a ser patrocinada pela Associação Internacional Alumni DeMolay. A
galeria da fama nos mostra nosso passado brilhante e será o mostruário de
nosso futuro iluminado.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Sobre a Cavalaria

O Livro da Ordem de Cavalaria (1279-1283)
Ramon Llull (1232-1316)Tradução: Prof. Dr. Ricardo da Costa (Ufes)
Revisão: Dr. Rui Vieira da Cunha (IHGB) e
Prof. Esteve Jaulent (Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência Raimundo Lúlio)
*
Deus honrado, glorioso, que sois cumprimento de todos os bens, por vossa graça e vossa bênção começa este livro que é da Ordem de Cavalaria.
INICIA O PRÓLOGO
1
Por significação dos VII planetas, que são corpos celestiais e governam e ordenam os corpos terrenais, dividimos este Livro de cavalaria em VII partes, para demonstrar que os cavaleiros tem honra e senhorio sobre o povo para o ordenar e defender.
A primeira parte é do começo de cavalaria; a segunda, do ofício de cavalaria; a terceira, do exame que convém que seja feito ao escudeiro com vontade de entrar na ordem de cavalaria; a quarta, da maneira segundo a qual deve ser armado o cavaleiro; a quinta, do que significam as armas do cavaleiro; a sexta é dos costumes que pertencem ao cavaleiro; a sétima, da honra que se convém ser feita ao cavaleiro.
2
Em uma terra aconteceu que um sábio cavaleiro que longamente havia mantido a ordem de cavalaria na nobreza e força de sua alta coragem, e a quem a sabedoria e ventura o haviam mantido na honra da cavalaria em guerras e em torneios, em assaltos e em batalhas, elegeu a vida ermitã quando viu que seus dias eram breves e a natureza o impedia, pela velhice, de usar as armas. Então, desamparou suas herdades e herdou-as a seus infantes, e em um bosque grande, abundante de águas e árvores frutuosas, fez sua habitação e fugiu do mundo para que o enfraquecimento de seu corpo, no qual chegara pela velhice, não lhe desonrasse naquelas coisas que, com sabedoria e ventura ao longo do tempo o haviam honrado tanto. E, por isso, o cavaleiro cogitou na morte, relembrando a passagem deste século ao outro, e entendeu a sentença perdurável a qual havia de vir.
3
Em um belo prado havia uma árvore muito grande, toda carregada de frutos, onde o cavaleiro vivia naquela floresta. Debaixo daquela árvore havia uma fonte muito bela e clara, da qual eram abundantes o prado e as árvores que ali eram ao redor. E o cavaleiro havia em seu costume, todos os dias, de vir àquele lugar adorar e contemplar e pregar a Deus, a qual fazia graças e mercês da grande honra que Lhe havia feito todos os tempos de sua vida neste mundo.
4
Em aquele tempo, na entrada do grande inverno, aconteceu que um grande rei muito nobre e de bons e bem abundantes costumes, mandou haver cortes. E pela grande fama que tinha nas terras de suas cortes, um escudeiro de assalto, só, cavalgando em seu palafrém, dirigia-se à corte para ser armado novo cavaleiro; e pelo esforço que havia suportado em sua cavalgada, enquanto ia em seu palafrém, adormeceu; e naquela hora, o cavaleiro que na floresta fazia sua penitência chegou à fonte para contemplar a Deus e menosprezar a vaidade daquele mundo, segundo que cada um dos dias havia se acostumado.
5
Enquanto o escudeiro cavalgava assim, seu palafrém saiu do caminho e meteu-se pelo bosque, e andou tão à vontade pelo bosque, até que chegou na fonte onde o cavaleiro estava em oração. O cavaleiro, que viu chegar o escudeiro, deixou sua oração e assentou-se no belo prado, à sombra da árvore, e começou a ler em um livro que tinha em sua falda. O palafrém, quando foi à fonte, bebeu da água; e o escudeiro, que sentiu em sua dormência que seu palafrém não se movia, despertou e viu diante de si o cavaleiro, que era muito velho e tinha grande barba e longos cabelos e rotas vestes por seu uso; e pela penitência que fazia, era magro e pálido, e pelas lágrimas que vertia, seus olhos eram humildes, tudo dando uma aparência de vida muito santa.
Muito se maravilharam um do outro, pois o cavaleiro havia longamente estado em seu eremitério, no qual não havia visto nenhum homem depois de haver desamparado o mundo e deixado de portar armas; e o escudeiro se maravilhou fortemente como tinha chegado naquele lugar.
6
O escudeiro desceu de seu palafrém saudando agradavelmente o cavaleiro, e o cavaleiro o acolheu o mais belamente que pôde, e sentaram-se na bela erva, um ao lado do outro. O cavaleiro, que percebeu que o escudeiro não queria primeiramente falar porque lhe queria dar honra, falou primeiramente e disse:
— Belo amigo, qual é a vossa coragem, onde ides e por que vieste aqui?
— Senhor — disse o escudeiro — é fama por longínquas terras que um rei muito sábio mandou haver cortes, e fará a si mesmo cavaleiro e logo armará cavaleiros outros barões estrangeiros e privados. E por isso, eu vou àquela corte para ser novo cavaleiro; e meu palafrém, enquanto dormia pelo trabalho que tive nas grandes jornadas, conduziu-me neste lugar.
7
Quando o cavaleiro ouviu falar de cavalaria e relembrou a ordem de cavalaria e o que é pertencente ao cavaleiro, verteu um suspiro e entrou em considerações lembrando a honraria no qual a cavalaria o havia mantido tanto tempo. Enquanto o cavaleiro assim cogitava, o escudeiro perguntou ao cavaleiro quais eram suas considerações. O cavaleiro disse:
— Belo filho, meus pensamentos são sobre a ordem de cavalaria e do grande dever que é do cavaleiro manter a alta honra de cavalaria.
8
O escudeiro rogou ao cavaleiro que lhe dissesse o que era a ordem de cavalaria, e de que maneira o homem pode melhor honrá-la e conservar a honra que Deus lhe havia dado.
— Como, filho? — disse o cavaleiro — e tu não sabes qual é a regra e a ordem da cavalaria? E como tu podes aspirar à cavalaria se não tem sapiência da ordem de cavalaria? Pois nenhum cavaleiro pode manter a ordem que não sabe, nem pode amar sua ordem, nem o que pertence à sua ordem, se não sabe a ordem de cavalaria, nem sabe conhecer as faltas que são contra sua ordem. Nem nenhum cavaleiro deve ser cavaleiro se não sabe a ordem de cavalaria, porque desonrado cavaleiro é que faz cavaleiro e não sabe lhe mostrar os costumes que pertencem ao cavaleiro.
9
Enquanto o cavaleiro dizia aquelas palavras e repreendia o escudeiro que desejava cavalaria, o escudeiro perguntou ao cavaleiro:
— Senhor, se a vós aprouver dizer-me em que consiste a ordem de cavalaria, assim sentirei coragem de aprender a ordem e seguir a regra e a ordem de cavalaria.
— Belo amigo — disse o cavaleiro — a regra e a ordem de cavalaria estão neste livro que leio algumas vezes para que me faça relembrar a graça e a mercê que Deus me fez neste mundo; porque eu honrei e mantive a ordem de cavalaria com todo meu poder; porque assim como a cavalaria dá tudo que pertence ao cavaleiro, assim o cavaleiro deve empenhar todas as suas forças para honrar a cavalaria.
10
O cavaleiro entregou o livro ao escudeiro; e quando o escudeiro acabou de o ler, entendeu que o cavaleiro é um eleito entre mil homens para haver o mais nobre ofício de todos, e tendo então entendido a regra e ordem de cavalaria, pensou consigo um pouco e disse:
— Ah, senhor Deus! Bendito sejais Vós, que me haveis conduzido em lugar e em tempo para que eu tenha conhecimento de cavalaria, a qual foi longo tempo desejada sem que soubesse a nobreza de sua ordem nem a honra em que Deus pôs todos aqueles que são da ordem da cavalaria.
11
— Amável filho — disse o cavaleiro — eu estou perto da morte e meus dias não são muitos, ora, como este livro foi feito para retornar a devoção e a lealdade e o ordenamento que o cavaleiro deve haver em ter sua ordem, por isso, belo filho, portai este livro à corte onde ides e mostrai-o a todos aqueles que desejam ser novos cavaleiros; guardai-o e apreciai-o se amais a ordem de cavalaria. E quando fores armado novo cavaleiro, retornai a este lugar e dizei-me quais são aqueles que foram feitos novos cavaleiros e não foram tão obedientes à doutrina da cavalaria.
12
O cavaleiro deu sua bênção ao escudeiro, e o escudeiro pegou o livro e muito devotadamente se despediu do cavaleiro, e subiu em seu palafrém e se foi para a corte muito alegremente. E sábia e ordenadamente deu e apresentou aquele livro ao muito nobre rei e toda a grande corte, e permitiu que todo cavaleiro que quisesse entrar na ordem de cavalaria o pudesse trasladar, para que de vez em quando o lesse e recordasse a ordem de cavalaria.
I. DO COMEÇO DE CAVALARIA
1
Faltou caridade, lealdade, justiça e verdade no mundo; começou inimizade, deslealdade, injúria, falsidade; e por isso surgiu erro e turvamento no povo de Deus, que foi criado para que Deus fosse amado, conhecido, honrado, servido e temido pelo homem.
2
No começo, como veio ao mundo menosprezo de justiça devido à míngua de caridade, conveio que a justiça retornasse à sua honra pelo temor. E por isso, de todo o povo foram feitos milenaristas e de cada mil foi eleito e escolhido um homem, mais amável, mais sábio, mais leal e mais forte, e com mais nobre coragem, com mais ensinamentos e de bons modos que todos os outros.
3
Buscou-se em todas as bestas qual era a mais bela besta e a mais veloz, e a que pudesse sustentar maior trabalho, e qual era a mais conveniente para servir ao homem; e porque o cavalo é a mais nobre besta e a mais conveniente a servir ao homem, por isso, de todas as bestas, o homem elegeu o cavalo, que foi doado ao homem que foi dos mil homens eleito; e por isso aquele homem tem o nome de cavaleiro.
4
Ajustada a mais nobre besta ao mais nobre homem, seguidamente conveio que o homem elegesse e escolhesse de todas as armas, aquelas armas que são mais nobres e mais convenientes para o combate e para defender o homem das feridas e da morte, e aquelas armas o homem doou e apropriou ao cavaleiro.
5
Quem quer entrar na ordem de cavalaria lhe convém meditar e pensar no nobre começo de cavalaria e convém que a nobreza de sua coragem e seus bons modos concordem e convenham ao começo da cavalaria, pois, se assim não o faz, contrário seria à ordem de cavalaria e a seus princípios. E por isso, não se convém que a ordem de cavalaria receba seus inimigos em suas honras, nem aqueles que são contrários a seus princípios
6
Amor e temor são convenientes contra desamor e menosprezo; e por isso, convém que o cavaleiro, por nobreza de coragem e de bons costumes e pela honra tão alta e tão grande na qual lhe foi feita por eleição, e pelo cavalo e pelas armas, seja amado e temido pelas gentes, e que pelo amor retornassem a caridade e ensinamento, e pelo temor retornassem a verdade e a justiça.
7
O homem, enquanto possui sensatez e entendimento e é de mais forte natureza que a fêmea, pode ser melhor que a mulher, porque se não fosse tão poderoso e bom como a fêmea, seguir-se-ia que bondade e força de natureza fosse contrária à bondade de coração e boas obras. Logo, assim como o homem por sua natureza é mais aparelhado a haver nobre coragem e ser bom que a fêmea, assim o homem é mais aparelhado a ser vil que a mulher; pois, se assim não fosse, não seria digno que tivesse maior nobreza de coração e maior mérito de ser bom que a fêmea.
8
Guarda, escudeiro, que farás se abraçares a ordem de cavalaria; porque se és cavaleiro, tu recebes a honra e a servidão que se convém aos amigos de cavalaria. Porque quanto mais nobres princípios tens, mais obrigado a ser bom e agradar a Deus e às gentes; e se és vil, tu serás o maior inimigo de cavalaria, e mais contrário a seus princípios e sua honra.
9
Tão alta e nobre é a ordem do cavaleiro que não bastou à ordem que o homem a fizesse das mais nobres pessoas; nem que o homem lhe doasse as bestas mais nobres nem lhe desse as mais honradas armas, antes conveio ao homem que se fizessem senhores das gentes aqueles homens que são da ordem da cavalaria.
E porque no senhorio há tanto de nobreza, e na servidão tanto de submissão, se tu, que abraças a ordem de cavalaria, fores vil e malvado, poderá pensar qual injúria fazes a todos seus submetidos e a todos companheiros que são bons, porque pela vileza em que estás, deverias ser súdito, e pela nobreza dos cavaleiros que são bons, és indigno de ser chamado cavaleiro.
10
Eleição, nem cavalo, nem armas, nem senhoria não bastam à alta honra que pertence ao cavaleiro; antes convém que o homem lhe dê escudeiro e palafreneiro que o sirvam e que cuidem das bestas. E convém que as gentes arem e cavem e traguem o mal para que a terra lhe dê os frutos de que viva o cavaleiro e suas bestas; e que o cavaleiro cavalgue e senhoreie e haja bem-aventurança daquelas coisas em que seus homens são maltratados e sofrem malefícios.
11
Ciência e doutrina têm os clérigos para poder a sapiência e querer amar, conhecer e honrar a Deus e suas obras, e para dar doutrina às suas gentes e bom exemplo em amar e honrar a Deus; e para que sejam ordenados nestas coisas, aprendem e estão em escolas. Logo, assim como os clérigos, por honesta vida e por bom exemplo e por ciência, têm ordem e ofício de inclinar as gentes à devoção e à boa vida, assim os cavaleiros, por nobreza de coragem e por força das armas mantêm a ordem de cavalaria, têm a ordem em que estão para que inclinem as gentes ao temor, pelo qual temem fazer falta uns homens contra outros.
12
A ciência e a escola da ordem de cavalaria é que cavaleiro faça ensinar a seu filho cavalgar em sua juventude; pois, se o infante em sua juventude não aprender a cavalgar não poderá aprender em sua velhice. E ao filho do cavaleiro convém que enquanto é escudeiro, saiba cuidar do cavalo. E ao filho de cavaleiro convém que antes seja súdito que senhor, e que saiba servir ao senhor, pois de outra maneira não conheceria a nobreza de seu senhorio quando fosse cavaleiro. E por isso o cavaleiro deve submeter seu filho a outro cavaleiro para que aprenda a cortar e a se guarnecer e as outras coisas que pertencem à honra da cavalaria.
13
Quem ama a ordem de cavalaria convém que, assim como aquele que deseja ser carpinteiro tem mestre que seja carpinteiro e aquele que deseja ser sapateiro convém que tenha mestre que seja sapateiro, assim quem deseja ser cavaleiro convém que tenha mestre que seja cavaleiro, porque é coisa inconveniente que escudeiro aprenda a ordem de cavalaria de outro homem, mas de homem que seja cavaleiro, como seria coisa inconveniente se o carpinteiro ensinasse ao homem que desejasse ser sapateiro.
14
Assim como os juristas e os médicos e os clérigos nas ciências e livros, ouvem a lição e aprendem seu ofício por doutrina de letras, é tão honrada e alta a ordem de cavalaria que não tão somente basta que ao escudeiro seja ensinada a ordem de cavalaria para cuidar do cavalo nem para servir senhor nem para ir com ele aos feitos de armas nem para outras coisas semelhantes a estas; como ainda seria coisa conveniente que o homem da ordem de cavalaria fizesse escola, e que fosse ciência escrita em livros e que fosse arte ensinada, assim como são ensinadas as altas ciências; e que os infantes filhos dos cavaleiros, em seus princípios, que aprendessem a ciência que pertence à cavalaria, e depois que fossem escudeiros e que andassem pelas terras com os cavaleiros.
15
Se faltas não houvesse em clérigos nem em cavaleiros, apenas faria faltas em outras gentes; porque, pelos clérigos todo homem teria amor e devoção a Deus, e pelos cavaleiros todos temeriam injuriar seu próximo. Ora, se os clérigos têm mestre e doutrina e estão em escolas para serem bons, e se há tantas ciências em doutrina e em letras, injúria muito grande é feita à ordem de cavalaria porque não é assim uma ciência ensinada pelas letras e que não seja feita escola como são nas outras ciências. Logo, por isso, aquele que compõe este livro suplica ao nobre rei e à toda sua corte que está reunida para a honra de cavalaria, que seja satisfeita e restituída a honrada ordem de cavalaria, que é agradável a Deus.
II. DO OFÍCIO QUE PERTENCE AO CAVALEIRO
1
Ofício de cavaleiro é o fim e a intenção pelos quais foi principiada a ordem de cavalaria. Logo, se o cavaleiro não cumpre com o ofício de cavalaria é contrário à sua ordem e aos princípios de cavalaria acima ditos; pela qual contrariedade não é verdadeiro cavaleiro, mesmo sendo chamado cavaleiro, e esse tal cavaleiro é mais vil que o tecelão e o trompeteiro que seguem seu ofício.
2
Ofício de cavaleiro é manter e defender a santa fé católica pela qual Deus, o Pai, enviou seu Filho para encarnar na virgem gloriosa Nossa Senhora Santa Maria, e para a fé ser honrada e multiplicada sofreu neste mundo muitos trabalhos e muitas afrontas e grande morte. Daí que, assim como nosso senhor Deus elegeu clérigos para manter a Santa Fé com escrituras e com provações necessárias, pregando aquela aos infiéis com tão grande caridade que até a morte foi por eles desejada, assim o Deus da glória elegeu cavaleiros que por força das armas vençam e submetam os infiéis que cada dia pugnam em destruir a Santa Igreja. Por isso, Deus honrou neste mundo e no outro tais cavaleiros que são mantenedores e defensores do ofício de Deus e da fé pela qual nos havemos de salvar.
3
Cavaleiro que tem fé e não usa da fé e é contrário àqueles que mantêm a fé, é assim como entendimento de homem a quem Deus tem dado a razão e usa de desrazão e de ignorância. Ocorre que, quem tem fé e é contrário à fé quer ser salvo justamente por isso ao qual é contra, e por isso sua vontade concorda com a descrença que é contrária à fé e à salvação, pela qual descrença o homem é condenado a trabalhos que não têm fim.
4
Muitos são os ofícios que Deus têm dado neste mundo para ser servido pelos homens; mas todos os mais nobres, os mais honrados, os mais próximos dos ofícios que existem neste mundo são ofício de clérigo e ofício de cavaleiro; e por isso, a maior amizade que deveria existir neste mundo deveria ser entre clérigo e cavaleiro. Logo, assim como o clérigo não segue a ordem de clerezia quando é contra a ordem de cavalaria, assim, cavaleiro não mantém ordem de cavalaria quando é contrário e desobediente aos clérigos, que são obrigados a amar e a manter a ordem de cavalaria.
5
Uma ordem não consiste tão somente nos homens que amam sua ordem, senão que consiste neles quando amam outras ordens. Por isso, amar uma ordem e desamar outra ordem não é manter a ordem, porque nenhuma ordem Deus fez contrária a outra ordem. Logo, assim como algum homem religioso que amasse tanto sua ordem que fosse inimigo de outra, ordem não seguiria, assim cavaleiro não tem ofício de cavaleiro quando ama tanto sua ordem que menospreza e desama outra ordem. Porque, se cavaleiro tivesse a ordem de cavalaria desamando e destruindo outra ordem, seguir-se-ia que Deus e ordem fossem contrários, a qual contrariedade é impossível.
6
Tanto é nobre coisa o ofício de cavaleiro que cada cavaleiro deveria ser senhor e regedor de terra; mas, para os cavaleiros, que são muitos, não bastam as terras. E, para significar que um só Deus é senhor de todas as coisas, o imperador deve ser cavaleiro e senhor de todos os cavaleiros; mas, porque o imperador não poderia por si manter e reger todos os cavaleiros, convém que tenha abaixo de si reis que sejam cavaleiros, para que o ajudem a manter a ordem de cavalaria. E os reis devem haver abaixo de si condes, condores, varvesores, e assim os outros graus de cavalaria; e debaixo destes graus devem estar os cavaleiros de um escudo, os quais sejam governados e possuídos pelos graus de cavalaria acima ditos.
7
Para demonstrar o excelente senhorio, sabedoria e poder de nosso senhor Deus, que é uno e pode e sabe reger e governar tudo o quanto é, incoveniente coisa seria que um cavaleiro pudesse por si só manter e reger todas as gentes deste mundo; porque se o fizesse, não seriam tão bem significados o senhorio, o poder, a sabedoria de Nosso Senhor Deus. Por isso, Deus quis que, para reger todas as gentes deste mundo, haja mister muitos oficiais que sejam cavaleiros; daí que o rei ou o príncipe que fizer  procuradores, vegueres , bailios, de outros homens que não sejam cavaleiros o faz contra o ofício de cavalaria, dado que seja mais conveniente que o cavaleiro, segundo dignidade de seu ofício, senhoreie o povo do que outros homens. Pois, pela honra de seu ofício, lhe deve esse feito mais de honra que a outro homem que não seja tão honrado no ofício; e pela honra em que se encontra pela sua ordem, tem nobreza de coração, e pela nobreza de coragem, se inclina mais tarde à maldade e ao engano e a feitos vis, que outro homem.
8
Ofício de cavaleiro é manter e defender o senhor terreno, pois o rei, nem o príncipe, nem nenhum outro barão sem ajuda poderia manter justiça em suas gentes; logo, se um povo ou algum homem é contra o mandamento do rei ou do príncipe, convém que os cavaleiros ajudem a seu senhor, que é um homem sozinho, assim como qualquer outro homem. Logo, o cavaleiro malvado que antes ajuda o povo que a seu senhor, ou que quer ser senhor e quer despossuir seu senhor, não segue o ofício pelo qual é chamado cavaleiro.
9
Pelos cavaleiros deve ser mantida justiça, porque, assim como os juízes têm ofício de julgar, assim os cavaleiros têm ofício de manter justiça. E se cavaleiro e letras pudessem convir tão fortemente que cavaleiro por ciência bastasse para ser juiz [...] como é de cavaleiro; porque aquele por quem justiça pode ser melhor mantida é mais conveniente para ser juiz que outro homem, com o que o cavaleiro é conveniente a ser juiz-cavaleiro.
10
Cavalgar, justar, lançar a távola, andar com armas, torneios, fazer távolas redondas, esgrimir, caçar cervos, ursos, javalis, leões, e as outras coisas semelhantes a estas que são ofício de cavaleiro; pois por todas essas coisas se acostumam os cavaleiros a feitos de armas e a manter a ordem de cavalaria. Ora, menosprezar o costume e a usança disso pelo qual o cavaleiro é mais preparado a usar de seu ofício é menosprezar a ordem de cavalaria.
11
Assim com todos estes usos acima ditos pertencem ao cavaleiro quanto ao corpo, assim justiça, sabedoria, caridade, lealdade, verdade, humildade, fortaleza, esperança, esperteza e as outras virtudes semelhantes a estas pertencem ao cavaleiro quanto à alma. E, por isso, o cavaleiro que usa destas coisas que pertencem à ordem de cavalaria quanto ao corpo, e não usa quanto à alma daquelas virtudes que pertencem à cavalaria, não é amigo da ordem de cavalaria, porque se o fosse, seguir-se-ia que o corpo e a cavalaria juntos fossem contrários à alma e à suas virtudes, e isso não é verdade.
12
Ofício de cavaleiro é manter terra; porque pelo pavor que as gentes têm dos cavaleiros, duvidam em destruir as terras, e por temor dos cavaleiros, duvidam os reis e os príncipes vir uns contra os outros. Mas o malvado cavaleiro que não ajuda a seu senhor terrenal, natural, contra outro príncipe é cavaleiro sem ofício, e é assim com fé sem obra, e é assim com descrença, que é contra a fé. Logo, se esse tal cavaleiro seguisse a ordem e seu ofício de cavalaria, cavalaria e sua ordem seriam injuriosas ao cavaleiro que combate até a morte por justiça e pelo seu senhor, para o manter e o defender.
13
Nenhum ofício há que seja feito que não possa ser desfeito; porque se o que é feito não pudesse ser desfeito nem destruído, só o que é feito seria semelhante a Deus, que não é feito nem pode ser destruído. Logo, como o ofício de cavalaria é feito e ordenado por Deus e se mantém por aqueles que amam a ordem de cavalaria e que estão na ordem de cavalaria, por isso, o malvado cavaleiro que se vai da ordem de cavalaria desama o ofício da cavalaria, desfaz em si mesmo a cavalaria.
14
Rei ou príncipe que desfaz em si mesmo ordem de cavaleiro não tão somente desfaz cavaleiro em si mesmo como também aos cavaleiros que lhe são submetidos; os quais, pelo mau exemplo de seu senhor e para que sejam amados por ele e seguirem seus malvados ensinamentos, fazem o que não pertence à cavalaria nem à sua ordem. E por isso, os malvados príncipes não tanto sómente são contrários em si mesmo à ordem de cavalaria, que também o são em seus submetidos, nos quais se desfaz a ordem de cavalaria. Logo, se expulsar um cavaleiro da ordem de cavalaria é grande malvadez, muito e grande vileza de coração, quanto mais o é quem muitos cavaleiros expulsa da ordem de cavalaria!
15
Ah, como é grande a força de coragem no cavaleiro que vence e apodera  muitos malvados cavaleiros! O qual cavaleiro é príncipe ou alto barão que ama tanto a ordem de cavalaria que, para muitos malvados homens que são chamados cavaleiros e que cada dia lhe aconselhem que faça maldades, faltas e enganos para destruir em si mesmo a cavalaria, e o bem-aventurado príncipe, só com a nobreza de seu coração e com a ajuda que lhe faz a cavalaria e sua ordem destrói e vence todos os inimigos da cavalaria.
16
Se cavalaria fosse em força corporal mais que em força de coragem, seguir-se-ia que a ordem de cavalaria concordaria mais fortemente com o corpo que com a alma, e se então fosse, o corpo teria maior nobreza que a alma. Logo, como nobreza de coragem não pode ser vencida nem apoderada por um homem nem por todos os homens que são, e um corpo ser vencido por outro e preso, o malvado cavaleiro que tem mais fortemente a força do corpo quando foge da batalha e desampara seu senhor, que pela maldade e a fraqueza de sua coragem, não usa do ofício de cavaleiro nem é servidor nem obediente à honrada ordem de cavalaria, que foi iniciada pela nobreza de coragem.
17
Se a menor nobreza de coragem fosse melhor conveniente com a ordem de cavalaria que a maior, concordar-se-iam fraqueza e covardia com cavalaria contra ardor e força de coragem; e se isto fosse assim, fraqueza e covardia seriam ofício de cavaleiro, e ardor e força desordenariam a ordem de cavalaria. Logo, como isto seja o contrário, por isto, se tu, cavaleiro, queres e amas muito a cavalaria, te convém esforçar para que, quanto mais fortemente tiver faltas de companheiros e de armas e de mantimentos, ajas ardorosamente e com coragem e esperança contra aqueles que são contrários à cavalaria. E se tu morres para manter a cavalaria, então tu tens a cavalaria naquilo que mais pode amar e servir e ter, porque cavalaria em nenhum lugar está tão agradavelmente como em nobreza de coragem; e nenhum homem não pode mais amar nem honrar nem ter cavalaria que aquele que morre pela honra e a ordem de cavalaria.
18
Cavalaria e ardor não se convêm sem sabedoria e sentido, porque se o fizessem, loucura e ignorância seriam convenientes à ordem de cavalaria; e se isto fosse assim, sabedoria e sentido, que são contrários a  loucura e ignorância, seriam contrários à ordem, e isso é impossível, pela qual impossibilidade é significado a ti, cavaleiro que tens grande amor à ordem de cavalaria, que assim como cavaleiro, por nobreza de coragem, te faz haver ardor e te faz menosprezar os perigos, para que a cavalaria possas  honrar; assim à ordem de cavalaria convém que se faça amar sabedoria e sentido, e que busquem honrar a ordem de cavalaria contra o desordenamento e o falecimento que existem naqueles que cuidam seguir a honra da cavalaria pela loucura e pela míngua de entendimento.
19
Ofício de cavaleiro é manter viúvas, órfãos, homens despossuídos; porque assim como é costume e razão que os maiores ajudem a defender os menores, e os menores achem refúgio nos maiores, assim, é costume da ordem de cavalaria que, por isso porque é grande e honrada e poderosa, vá em socorro e ajuda a aqueles que lhe são debaixo em honra e em força. Logo, se isto é assim, se forçar viúvas que tem mister de ajuda, e deserdar órfãos, que tem mister de protetor, e roubar e destruir os homens mesquinhos e despossuídos, a quem o homem deve empenhar, se concorda com a ordem de cavalaria, maldade e engano e crueldade e falta se convém à ordem e à nobreza e à honra; e se isto é assim, então cavaleiro e sua ordem são contrários aos princípios da ordem de cavalaria.
20
Se Deus deu olhos ao mesteiral para que veja obrar, ao homem pecador deu olhos para que possa chorar seus pecados, e se ao cavaleiro deu o coração para que seja câmara onde esteja a nobreza de sua coragem, ao cavaleiro que tem na força e em sua honra deu coração para que nele tenha piedade de mercê para ajudar e salvar e guardar aqueles que levam os olhos a chorar e os corações com esperança aos cavaleiros, que os ajudem e os defendam e os protejam de suas necessidades. Logo, cavaleiro que não tenha olhos para que veja os despossuídos, nem coração para pensar suas necessidades, não é verdadeiro cavaleiro nem está na ordem de cavalaria, porque é tão alta coisa e nobre a cavalaria, que todos aqueles que são obcecados e tem vil coragem expulsa de sua ordem e de seu benefício.
21
Se cavalaria, que é tão honrado ofício, fosse ofício de roubar e de destruir os pobres e os despossuídos, e de enganar e de forçar as viúvas e as outras fêmeas, bem grande e bem nobre ofício seria ajudar e manter órfãos e viúvas e pobres. Logo, se o que é maldade e engano fosse na ordem de cavalaria que é tão honrada, e por maldade e por falsidade e traição e crueldade cavalaria se mantém em sua honra, muito mais fortemente sobre cavalaria seria honrada ordem que fizesse honra pela lealdade e cortesia e liberalidade e piedade!
22
Ofício de cavaleiro é haver castelo e cavalo para guardar os caminhos e para defender os lavradores. Ofício de cavaleiro é ter vilas, cidades, para manter em justa harmonia as suas gentes e para congregar e ajustar carpinteiros em um lugar, ferreiros, sapateiros, drapeiros, mercadores, e outros ofícios que pertencem ao ordenamento deste mundo, e que são necessários a conservar o corpo a suas necessidades. Logo, se os cavaleiros para manter seu ofício são tão bem alojados que são senhores de castelos e vilas e cidades, se destruir vilas, castelos, cremar cidades, cortar as árvores, as plantas, e matar o bestiário e roubar os caminhos fosse ofício e ordem de cavaleiro, obrar e edificar castelos, fortes, vilas, cidades, defender lavradores ter atalaias para manter os caminhos seguros, e as outras coisas semelhantes a estas seria desordenamento da cavalaria; e se isto fosse assim, a razão pela qual a cavalaria é constituída seria uma única mesma coisa com o seu desordenamento e seu contrário.
23
Traidores, ladrões, salteadores devem estar sob o encalço dos cavaleiros, porque assim como o machado é feito para destruir as árvores, assim cavaleiro tem seu ofício para destruir os maus homens. Logo, se cavaleiro é salteador, ladrão, traidor, e os salteadores, traidores e ladrões devem ser mortos pelos cavaleiros, e presos, se o cavaleiro que é ladrão ou traidor ou salteador quer usar de seu ofício e usa em outro de seu ofício, mate e prenda a si mesmo; e se em si mesmo não for usar de seu ofício, e usa em outro de seu ofício, com ordem de cavalaria se convém melhor em outro que em si mesmo. Não é coisa lícita que nenhum homem mate a si mesmo, e por isso cavaleiro que seja ladrão, traidor e salteador deve ser destruído e morto por outro cavaleiro. E cavaleiro que sofre e mantenha cavaleiro traidor, salteador, ladrão, não usa de seu ofício; porque se usasse de seu ofício, contra seu ofício faria se os homens ladrões, traidores que não são cavaleiros matasse e destruísse.
24
Se tu, cavaleiro, tem dor ou algum mal em uma mão, aquele mal mais próximo está da outra mão que de mim ou outro homem; logo, cavaleiro que seja traidor e ladrão e salteador mais próximo está seu vício e sua falta a ti, que és cavaleiro, que a mim, que não sou cavaleiro. Logo, se o teu mal te dá mais trabalho que o meu, porque escusas e manténs cavaleiro um inimigo da honra de cavalaria? E porque blasfemas os homens que não são cavaleiros pelas faltas que fazem?
25
Cavaleiro ladrão maior latrocínio faz à alta honra de cavalaria quando se retira dela ou quando ela retira o seu nome, que quando rouba dinheiro ou outras coisas; porque roubar honra é dar vileza e má fama àquela coisa que é digna de ser louvada e honrada; e como honra e honradez  valem mais que dinheiro, que ouro e prata, por isso é maior falta envilecer a cavalaria que roubar dinheiro e outras coisas que não são a cavalaria. E se isto não fosse assim, seguir-se-ia que dinheiro e as coisas que o homem rouba seriam melhores que o homem, ou que era maior latrocínio roubar um dinheiro do que roubar muitos dinheiros.
26
Se homem traidor que mata seu senhor ou dorme com sua mulher ou se entrega seu castelo é cavaleiro, que coisa é o homem que morre para honrar e defender seu senhor? E se o cavaleiro traidor é objeto da blandícia de seu senhor, qual falta poderá fazer para que seja punido ou repreendido? E se o senhor não mantém a honra de cavalaria contra seu cavaleiro traidor, quem a manterá? E o senhor que não destrói seu traidor, qual coisa destruiria, e por que é senhor e homem e coisa nula?
27
Se ofício de cavaleiro é reptar ou combater o traidor, e se ofício de cavaleiro traidor é esconder-se e combater o leal cavaleiro, que coisa é ofício de cavaleiro? E se coragem tão malvada como é a coragem do cavaleiro traidor cuida vencer coragem do cavaleiro leal, a alta coragem do cavaleiro que combate pela lealdade, que coisa cuida vencer e sobrar? E se o cavaleiro amigo de cavalaria e de lealdade é vencido, qual é o pecado feito e onde foi parar a honra de cavalaria?
28
Se roubar fosse ofício de cavaleiro, dar seria contrário à ordem de cavalaria; e se dar fosse conveniente a algum ofício, quanto de valor seria aquele homem que tivesse o ofício de dar! E se dar as coisas roubadas conviesse com a honra de cavalaria, restituir, com quem conviriam? E se tirar o que Deus dá deve possuir o cavaleiro, que coisa é que o cavaleiro não deve possuir?
29
Pouco sabe de encomendar quem ao lobo faminto encomenda suas ovelhas, e quem sua mulher bela encomenda ao cavaleiro jovem traidor, e quem seu forte castelo encomenda ao cavaleiro avaro e salteador. E se um tal homem sabia pouco de encomendar suas coisas, quem é aquele que seus bens sabe encomendar, e qual é aquele que suas encomendas sabe reter e guardar?
30
Tem visto algum cavaleiro que seu castelo não queira recuperar? E visto um cavaleiro que não queira sua mulher guardar de cavaleiro traidor? E visto algum cavaleiro salteador que não roube escondido? E se nenhum destes cavaleiros tem visto, regra nem ordem os poderá retornar à ordem de cavalaria.
31
Ter reluzente seu arnês e bem cuidado seu cavalo é ofício de cavaleiro. E se jogar suas armas e seu cavalo é ofício de cavaleiro, donde, é ofício de cavaleiro o que é e o que não é; logo, se isto é assim, donde ofício de cavaleiro é e não é; logo, como ser e não ser são contrários, e destruir seu arnês não é cavalaria, e donde, cavalaria sem armas qual coisa é? E por qual razão és nominado cavaleiro?
32
É mandamento de lei que o homem não seja perjuro. Logo, se fazer falsamente uma sagração não é contra a ordem de cavalaria, Deus, que fez o mandamento, e cavalaria, são contrários; e se o são, onde está a honra de cavalaria, e qual coisa é seu ofício? E se Deus e cavalaria são convenientes, convém que jurar falsamente não se dê naqueles que mantêm a cavalaria. E se fazer voto e prometer a Deus e jurar em vão não se dá no cavaleiro, o que é seu e em que está a cavalaria?
33
Se justiça e luxúria se convêm, cavalaria, que se convêm com justiça, se convêm com luxúria. E se cavalaria e luxúria se convêm, castidade, que é o contrário da luxúria, é contra a honra de cavalaria; e se isto é assim, seria verdade que cavaleiros quisessem honrar a cavalaria para manter a luxúria. E se justiça e luxúria são contrários, e cavalaria é para manter justiça, então cavaleiro luxurioso e cavalaria são  contrários, e se o são, na cavalaria deveria ser esquivado mais fortemente o vício da lúxúria, o que não é; e se fosse punido o vício da luxúria segundo deveria, de nenhuma ordem não seriam expulsos tantos homens como da ordem de cavalaria.
34
Se justiça e humildade fossem contrárias, cavalaria, que concorda com justiça, seria contra a humildade e concordar-se-ia com orgulho. E se cavaleiro orgulhoso mantém ofício de cavalaria, outra cavalaria foi aquela que começou pela justiça e para manter os homens humildes contra os orgulhosos injustos. E se isto é assim, os cavaleiros que são destes tempos não estão na ordem na qual eram os outros cavaleiros que foram primeiros; e se estes cavaleiros que agora estão têm a regra e usam o ofício do qual usavam os primeiros, orgulho nem maldade existem nestes cavaleiros que vemos orgulhosos e injuriosos; e se o que parece que seja orgulho e injúria nada é, então, humildade e justiça em que estão e onde estão e o que são?
35
Se justiça e paz fossem contrárias, cavalaria, que concorda com justiça, seria contrária à paz; e se o é,  então estes cavaleiros que são inimigos da paz e amam guerras e trabalhos são cavaleiros, e aqueles que pacificam as gentes e fogem de trabalhos são injuriosos e são contra cavalaria. Logo, se isto é assim, e os cavaleiros que agora estão usam do ofício de cavalaria se são injuriosos e guerreiros e amadores do mal e de trabalhos, pergunto qual coisa eram os primeiros cavaleiros, que se concordavam com justiça e com paz, pacificando os homens pela justiça e pela força das armas? Pois assim como nos tempos primeiros era ofício de cavaleiro pacificar os homens pela força das armas, e se os cavaleiros guerreiros injuriosos,  que estão nestes tempos em que estamos, não estão na ordem de cavalaria nem possuem ofício de cavaleiro, onde está cavalaria, e quais e quantos são aqueles que estão em sua ordem?
36
Muitas maneiras são porque cavaleiro pode e deve usar do ofício da cavalaria, e como nós temos de tratar de outras coisas, por isso nós passamos o mais abreviadamente possível, e mormente como o fizemos a pedido de um cortês escudeiro, leal, verdadeiro, que por longo tempo têm seguido a regra de cavaleiro, temos feito este livro abreviadamente, porque em breve tempo deve ser armado novo cavaleiro.
III. DO EXAME DO ESCUDEIRO QUE DESEJA ENTRAR NA ORDEM DE CAVALARIA
1
Ao examinar o escudeiro convém que o examinador seja cavaleiro amante da ordem de cavalaria, porque alguns cavaleiros são que amam maior número de cavaleiros que sejam bons; e porque cavalaria não observa multidão de número e ama nobreza de coragem e de bons modos, por isso, se o examinador ama mais multidão de cavaleiros que nobreza de cavalaria, é incoveniente que seja examinador, e seria mister que fosse examinado e repreendido da injúria que faz à alta honra de cavalaria.
2
No princípio, convém perguntar ao escudeiro que deseja ser cavaleiro se ama e teme a Deus, porque sem amar e temer a Deus nenhum homem é digno de entrar na ordem de cavalaria, e o temor faz vacilar ante as faltas pelas quais cavalaria adquire desonra. Logo, quando sucede que o escudeiro que não ama nem tem Deus é feito cavaleiro, se o escudeiro adquire honra por receber cavalaria, cavalaria recebe desonra no escudeiro que não a recebe honrando Deus, que tem honrado a cavalaria. E como receber honra e dar desonra não se convêm, por isso escudeiro sem amor e temor não é digno de ser cavaleiro.
3
Assim como cavaleiro sem cavalo não se convém com o ofício de cavalaria, assim escudeiro sem nobreza de coragem não se convém com ordem de cavalaria; porque nobreza de coragem foi o começo da cavalaria e vileza de coragem é a destruição da ordem de cavaleiro. Logo, se escudeiro com vileza de  coragem deseja ser cavaleiro, então deseja destruir a ordem que demanda; e se é contra a ordem, porque demanda a ordem? E o cavaleiro que faz escudeiro com vileza de coragem, porque desfaz sua ordem?
4
Não demandes à boca nobreza de coragem, porque toda hora não diz verdade. Nem a demandes a honradas vestimentas, porque sob um honrado manto está um vil coração e fraco, onde está maldade e engano; nem nobreza de coragem demandes ao cavalo, porque não te poderá responder; nem demandes nobreza de coração às guarnições nem ao arnês, porque dentro das grandes guarnições pode estar traidor coração e malvado. Logo, se desejas encontrar nobreza de coragem demanda à fé, esperança caridade, justiça, fortaleza, lealdade, e às outras virtudes, porque naquelas está nobreza de coragem, e por aquelas o nobre coração do cavaleiro se defende da maldade e do engano e dos inimigos da cavalaria.
5
Idade conveniente se convém ao novo cavaleiro. E se é muito jovem o escudeiro que deseja ser cavaleiro, não pode haver aprendido os ensinamentos que pertencem ao escudeiro antes que seja cavaleiro; e não poderá também relembrar o que prometeu à honra de cavalaria, se é na infância feito novo cavaleiro. E se o escudeiro é velho e tem debilidade de corpo e deseja ser cavaleiro, antes que fosse velho fez injúria à cavalaria, que é mantida pelos fortes combatentes e é aviltada pelos fracos,  despossuídos, vencidos, fugitivos.
6
Assim como no meio está a medida da virtude e seu contrário está nos dois extremos, que são vício, assim cavalaria está na idade que convém ao cavaleiro, porque se não o fosse, seguir-se-ia que contrariedade haveria entre meio e cavalaria, e se houvesse, virtude e cavalaria seriam contrárias. E se o são, tu escudeiro, que demasiadamente demoras e tardas a ser cavaleiro, porque desejas entrar na ordem de cavalaria?
7
Se por beleza de feições e pelo grande corpo acorde com ruivos cabelos e pelo espelho na bolsa,  escudeiro deve ser armado cavaleiro o belo filho de camponês ou da bela fêmea poderá ser cavaleiro, e se o fazes, desonras a antigüidade da honrada linhagem e a menosprezas, e a nobreza que Deus deu mais ao homem que à mulher rebaixas em vileza. E por tal menosprezo e desonra aviltas e rebaixas a ordem de cavalaria.
8
Linhagem e cavalaria se convêm e se concordam, porque linhagem não é mais que continuada honra anciã, e cavalaria é ordem e regra que se mantém desde o começo dos tempos em que foi iniciada, que adentrou até os tempos em que estamos. Logo, porque linhagem e cavalaria se convêm, se fazes cavaleiro homem que não seja de linhagem, tu fazes ser contrário linhagem e cavalaria naquilo que fazes; e por isso, aquele que faz cavaleiro é contra linhagem e cavalaria, e se o é cavaleiro, que é isso em que está a cavalaria?
9
Se tu tens tanto poder na ordem de cavalaria que aí podes meter quem não lhe convém, necessariamente convém que tu ajas de tanto poder que busques tirar da ordem de cavalaria aquele que por linhagem é conveniente para ser cavaleiro. E se cavalaria tem tanta virtude que tu não lhe possa tirar sua honra nem aqueles que por linhagem lhe convêm, então tu não podes haver poder para fazer cavaleiro homem vil de linhagem.
10
A respeito da natureza corporal, tão honrada é a natureza nas árvores e nas bestas quanto nos homens; mas, pela nobreza da alma racional, que participa tão somente do corpo do homem, por isso, a natureza tem maior virtude no corpo humano do que no corpo das bestas. Por isso, a ordem de cavalaria consente que, pelos muitos nobres costumes e pelos muitos nobres feitos e pela nobreza do príncipe possa ter a cavalaria algum homem de nova honrada linhagem. E se isso não fosse assim, seguir-se-ia que, cavalaria fosse mais conveniente à natureza do corpo do que à virtude da alma, e isso não é verdade, uma vez que a nobreza de coragem que convém à cavalaria, convém melhor com a alma do que com o corpo.
11
Segundo o exame do escudeiro que deverá ser cavaleiro, convém que se pergunte sobre seus ensinamentos e seus costumes, porque se malvados ensinamentos e malvados costumes expulsam da ordem de cavalaria os malvados cavaleiros, quanto menos é coisa conveniente que malvado escudeiro seja cavaleiro, e que entre na ordem de onde deveria sair por feitos vis e por desagradáveis costumes!
12
Se cavalaria se convém tão fortemente com valor que todos os amigos de desonra são expulsos de sua ordem, se a cavalaria não recebesse aqueles que têm valor e a amam e a mantêm, seguir-se-ia que a cavalaria poderia ser destruída por vileza, e não poderia refazer-se em nobreza. E como isso não é verdade, por isso tu, cavaleiro que examinas o escudeiro, és mais fortemente obrigado a enxergar valor e nobreza no escudeiro que em nenhuma outra coisa.
13
Deveis saber por qual intenção o escudeiro tem vontade de ser cavaleiro; porque se quer cavalaria para ser rico ou para senhorear ou para ser honrado, sem fazer honra à cavalaria nem honra aos honrados que a cavalaria dá honorificência e honra, amando a cavalaria ama sua desonra, pela qual desonra és indigno que pela cavalaria haja riqueza, nem bem-estar nem honorificência. Assim como intenção se desmente  aos clérigos que são eleitos prelados por simonia, assim malvado escudeiro desmente sua vontade e sua intenção quando deseja ser cavaleiro contra a ordem de cavalaria; e se clérigo em tudo quanto faz é contra a prelazia, se há em si simonia, escudeiro em tudo quanto faz é contra a ordem de cavalaria, se com falsa intenção possui o ofício de cavalaria.
14
Ao escudeiro que deseja cavalaria convém saber a grande carga de cavalaria e os grandes perigos que são destinados a aqueles que desejam manter a cavalaria; porque o cavaleiro deve mais hesitar a censura das gentes do que a morte, e vergonha deve dar maior paixão a sua coragem do que a fome, sede, calor, frio ou outra paixão e trabalho a seu corpo. E por isso todos estes perigos devem ser mostrados e denunciados ao escudeiro antes que seja armado cavaleiro.
15
Cavalaria não pode ser mantida sem o arnês que pertence ao cavaleiro, nem sem os honrados feitos e as grandes despesas que convêm ao ofício de cavalaria. E por isso, escudeiro sem armas e que não possua tanta riqueza que possa manter cavalaria não deve ser cavaleiro, porque por falta de riqueza falha o arnês, e por enfraquecimento do arnês e despesas, malvado cavaleiro torna-se roubador, traidor, ladrão, mentiroso, falso, e de outros vícios que são contrários à ordem de cavalaria.
16
Homem aleijado ou gordo e grande, ou que possua outro vício em seu corpo pelo qual não possa fazer uso do ofício de cavaleiro não deve estar na ordem de cavalaria; porque vileza é da ordem de cavalaria se recebe homem que seja debilitado, corrompido e incapaz de portar arnês. E é tão nobre e alta a cavalaria em sua honorificência que nem riqueza, nem nobreza de coração, nem de linhagem não bastam ao escudeiro que seja mutilado em algum membro.
17
Interrogado e investigado deve ser o escudeiro que demanda cavalaria se fez maldade ou engano que seja contra a ordem de cavalaria; porque tal falta poderá haver feito, e tanto pode crescer à falta que fez, que não é digno que a cavalaria o receba em sua ordem, nem que lhe faça companheiro daqueles que mantêm a honra de cavalaria.
18
Se o escudeiro tem vanglória do que faz, não parece que seja bom para cavaleiro, porque vanglória é vício que destrói os méritos e as recompensas dos bons feitos que são dados pela cavalaria. Nem o escudeiro adulador não se convém com o ofício de cavaleiro, porque adulador tem intenção corrompida, pela qual corrupção destrói e mutila a vontade e a lealdade que convém à coragem do cavaleiro.
19
Orgulhoso escudeiro, mal ensinado, sujo em suas palavras e em suas vestimentas, com cruel coração, avaro, mentiroso, desleal, preguiçoso, irascícel e luxurioso, embriagado, glutão, perjuro, ou que possua outros vícios semelhantes a estes não é conveniente à ordem de cavalaria. Logo, se cavalaria pudesse receber aqueles que são contra sua ordem, seguir-se-ia que ordem e desordenação seriam uma mesma coisa; logo, como cavalaria seja pura ordenação de valor, por isso deve ser examinado todo escudeiro antes que seja cavaleiro.
IV. DA MANEIRA SEGUNDO A QUAL O ESCUDEIRO DEVE RECEBER A CAVALARIA
1
No princípio, quando o escudeiro deve entrar na ordem de cavalaria, convém que se confesse das faltas que fez contra Deus, o qual vai servir na ordem de cavalaria; e se é sem pecado, deve receber o corpo de Jesus Cristo segundo o que se convém.
2
Para fazer cavaleiro, convém uma festa das honradas do ano, para que pela honra da festa se ajustem  muitos homens naquele dia e naquele lugar onde o escudeiro deve ser feito cavaleiro: e que todos orem a Deus pelo escudeiro, que Deus lhe dê graça e bênção pela qual seja leal à ordem de cavalaria.
3
O escudeiro deve jejuar na vigília da festa, por honra do santo da festa. E deve vir a Igreja orar a Deus na noite antes do dia que deve ser feito cavaleiro; deve velar e estar em preces e em contemplação e ouvir palavras de Deus e da ordem de cavalaria; e se escuta jograis que cantam e falam de putarias e pecados, no começo que entra na ordem de cavalaria começa a desonrar e a menosprezar a ordem de cavalaria.
4
No dia seguinte, convém que a missa seja cantada solenemente. E o escudeiro deve vir diante do altar e deve se oferecer ao presbítero, que está no lugar de Deus, e à ordem de cavalaria, para tal que seja servidor de Deus. E convém que se obrigue e se submeta a honrar e a manter a ordem de cavalaria em todo seu poder. Naquele dia convém ser feito sermão, no qual sejam recontados os catorze artigos nos quais é fundada a fé, os dez mandamentos e os sete sacramentos da santa Igreja, e as outras coisas que pertencem à fé. E o escudeiro deve relembrar fortemente todas estas coisas para que saiba harmonizar o ofício de cavalaria com as coisas que pertencem à santa fé católica.
5
Os catorze artigos são estes: crer num Deus é o primeiro artigo. Crer no Pai e no Filho e no Espírito Santo são três artigos. E convém que o homem creia que o Pai e o Filho e o Espírito Santo sejam um Deus eternamente, sem fim nem começo. Crer que Deus seja criador de tudo quanto é, é o quinto. O sexto é crer que Deus seja recriador, isto é, que tenha redimido a humana linhagem do pecado que Adão e Eva fizeram. O sétimo é crer que Deus dará glória a aqueles que estão no Paraíso. Estes sete artigos pertencem à deidade. Aqueles outros sete pertencem à humanidade, que o Filho de Deus tomou em Nossa Dona Santa Maria, os quais sete são estes: crer que Jesus Cristo foi concebido do Espírito Santo quando São Gabriel saudou Nossa Dona é o primeiro. Segundo é crer que Jesus Cristo tenha nascido. Terceiro é que tenha sido crucificado e morto para nos salvar. Quarto é que desceu a Sua alma ao Inferno para salvar Adão e Abraão e os outros  profetas que creram em sua vinda antes que morressem. Quinto é crer que Jesus Cristo tenha  ressuscitado. Sexto é crer que tenha subido ao Céu no dia da Ascensão. Sétimo é crer que Jesus Cristo virá no dia do Juízo, quando todos forem ressuscitados e julgará os bons e os maus. Todo homem é obrigado a crer nestes catorze artigos que são testemunhos de Deus e de Suas obras; e sem estes artigos nenhum homem pode ser salvo.
6
Os dez mandamentos que Deus deu a Moisés no monte Sinai são estes: um Deus tão somente adorarás e servirás. Não sejas perjuro. Guardarás o sábado e honrarás teu pai e tua mãe. Não farás homicídio. Não fornicarás. Não farás latrocínio. Não farás falso testemunho. Não invejarás a mulher de teu próximo. Não terás inveja dos bens de teu próximo. A todo cavaleiro convém saber estes dez mandamentos para que sua ordem não seja desobediente aos mandamentos que Deus deu.
7
Os sete sacramentos da santa Igreja são estes: batismo, confirmação, o sacrifício do altar, a penitência que o homem faz de seus pecados, as ordens que o bispo faz quando faz  presbíteros e diáconos e subdiáconos, matrimônio, unção. Por estes sete sacramentos nos havemos de salvar. E a honrar e a  cumprir estes sete sacramentos é obrigado o sacramento da cavalaria; e por isso, pertence a todo cavaleiro que saiba quais coisas seu ofício é obrigado.
8
De todas estas coisas ditas acima deve pregar o presbítero, e das outras coisas que pertencem à cavalaria. E o escudeiro que deseja ser cavaleiro deve orar a Deus que lhe dê graça e a bênção com que possa ser, por todo o tempo de sua vida, seu servidor.
9
Quando o presbítero tiver feito o que pertence a seu ofício, então convém que o príncipe ou alto barão que deseja fazer cavaleiro o escudeiro que demanda cavalaria possua virtude e ordem de cavalaria em si mesmo, para tal que possa, pela graça de Deus, dar virtude e ordem de cavalaria ao escudeiro que deseja ordem e virtude de cavalaria. E se o cavaleiro não é ordenado nem virtuoso em si mesmo, não pode dar o que não tem, e é de pior condição que as plantas, que têm virtude de dar a umas e outras sua natureza, e isso mesmo se segue com as bestas e as aves.
10
Esse tal cavaleiro malvado que desordenadamente deseja fazer e multiplicar a ordem, injúria faz à cavalaria e ao escudeiro; e disso por que ele deveria ser desfeito, deseja fazer o que não convém que seja feito. E pela falta desse tal cavaleiro acontece algumas vezes que o escudeiro que recebe cavalaria não é tão ajudado pela graça de Deus nem pela virtude de cavalaria; onde, por isso, todo escudeiro que desse tal cavaleiro recebe cavalaria é louco.
11
O escudeiro, diante do altar, deve ajoelhar-se, e que levante seus olhos a Deus, corporais e espirituais, e suas mãos a Deus. E o cavaleiro deve cingir-lhe a espada, para significar castidade e justiça; e, como significado de caridade deve beijar seu escudeiro e dar-lhe uma bofetada para que se lembre disso que prometeu e do grande cargo a que se obriga e da grande honra que recebe pela ordem de cavalaria.
12
Depois que o cavaleiro espiritual e o cavaleiro terrenal tiverem cumprido seu ofício em fazer novo cavaleiro, o cavaleiro novo deve cavalgar e deve mostrar-se às gentes, para que todos saibam que ele é cavaleiro e que se obrigou a manter e a defender a honra de cavalaria; porque quanto mais gentes saibam de sua cavalaria, maior refreamento terá o novo cavaleiro a fazer novas faltas que sejam contra sua ordem.
13
Naquele dia deve ser feita grande festa de oferecimento, de convites, justas, e das outras coisas que se convém à festa de cavalaria. E o senhor que faz cavaleiro deve dar ao novo cavaleiro e aos outros novos cavaleiros; e o cavaleiro novo deve dar, naquele dia, porque quem recebe tão grande dom como é a ordem de cavalaria, sua ordem desmente se não dá segundo deve dar. Todas estas coisas e muitas outras que seriam longas de contar pertencem ao fato de dar cavalaria.
V. DO SIGNIFICADO QUE EXISTE NAS ARMAS DE CAVALEIRO
1
Tudo que o presbítero veste para cantar na missa tem algum significado que se convém ao seu ofício; e porque ofício de clérigo e ofício de cavaleiro se convêm, por isso ordem de cavalaria requer que tudo o que é mister ao cavaleiro usar de seu ofício tenha alguma significação, pela qual seja significada a nobreza da ordem de cavalaria.
2
Ao cavaleiro é dada a espada, que é feita à semelhança da cruz, para significar que assim como nosso Senhor Jesus Cristo venceu a morte na cruz na qual tínhamos caído pelo pecado de nosso pai Adão, assim o cavaleiro deve vencer e destruir os inimigos da cruz com a espada. E porque a espada é cortante em cada parte, e cavalaria é para manter a justiça, e justiça é dar a cada um o seu direito, por isso a espada do cavaleiro significa que o cavaleiro com a espada mantêm a cavalaria e a justiça.
3
A lança é dada ao cavaleiro para significar a verdade, porque verdade é coisa direita e não se torce; e verdade vai diante da falsidade. E o ferro da lança significa a força que a verdade tem sobre a falsidade; e o pendão significa que a verdade se demonstra a todos, e não há poder de falsidade nem de engano; e verdade é a base da esperança, e assim das outras coisas que são significadas de verdade pela lança do cavaleiro.
4
Chapéu de ferro é dado ao cavaleiro para significar vergonha, porque cavaleiro sem vergonha não pode ser obediente à ordem de cavalaria. Logo, assim como a vergonha faz o homem ser vergonhoso, e faz o homem ter seus olhos na terra, assim o chapéu defende o homem das coisas altas e o mira à terra, e é o meio que está entre as coisas baixas e as coisas altas. E assim como o chapéu defende a cabeça que é o mais alto e o principal membro que existe no homem, assim a vergonha defende o cavaleiro, que é, após o ofício de clérigo, o mais alto ofício que existe, que não se inclina a vis feitos, nem a nobreza de sua coragem não deve descer à maldade nem ao engano nem a nenhum mau ensinamento.
5
Cota de malha significa castelo e muro contra vícios e faltas; porque assim como castelo e muro estão contidos em volta para que homem não possa entrar, assim cota de malha é encerrada por todas as partes e tampada para que dê significado à nobre coragem de cavaleiro para que não possa entrar nela traição nem orgulho nem deslealdade nem nenhum outro vício.
6
Calças de ferro são dadas a cavaleiro para manter seguros seus pés e suas pernas, para significar que cavaleiro deve manter seguros os caminhos com ferro, isto é, com espada e com lança, com maça e com as outras armas.
7
Esporas são dadas a cavaleiro para significar diligência e esperteza e ânsia com que possa manter honrada sua ordem; porque assim como com as esporas esporeia o cavaleiro seu cavalo para que se cuide e que corra o mais velozmente que possa, assim diligência faz cuidar as coisas que convêm ser, e esperteza faz o homem guardar de ser surpreendido, e ânsia faz procurar o arnês e a despesa que é mister à honra de cavalaria.
8
Gorjeira  é dada ao cavaleiro como significado de obediência; porque cavaleiro que não é obediente a seu senhor nem à ordem de cavalaria, desonra seu senhor e vai-se da ordem de cavalaria. Logo, assim como a gorjeira envolve o colo do cavaleiro para que esteja defendido de feridas e golpes, assim obediência faz estar o cavaleiro dentro dos mandamentos de seu senhorio maior e dentro da ordem de cavalaria, para que traição nem orgulho nem injúria nem outro vício não corrompa o sacramento que o cavaleiro tem feito a seu senhor e a cavalaria.
9
Maça é dada ao cavaleiro para significar força de coragem; porque assim como a maça é contra todas as armas, e dá e fere de todas as partes, assim a força de coragem defende cavaleiro de todos os vícios e fortifica as virtudes e os bons costumes pelos quais cavaleiro mantém a honra de cavalaria.
10
Misericórdia é dada a cavaleiro para que se lhe falharem armas, que se torne à misericórdia; porque se está tão próximo a seu inimigo que não o possa ferir com lança nem com espada nem com maça, que lhe faça golpe com a misericórdia. Logo, esta arma, misericórdia, significa que o cavaleiro não deve confiar em suas armas nem em sua força, e deve-se tanto acostar a Deus por esperança que com esperança e com Deus combate seus inimigos e aqueles que são contrários a cavalaria.
11
Escudo é dado ao cavaleiro para significar ofício de cavaleiro, porque assim como o escudo mete o cavaleiro entre si e seu inimigo, assim o cavaleiro é o meio que está entre rei e seu povo. E assim como o golpe fere antes no escudo que em o corpo do cavaleiro, assim cavaleiro deve parar seu corpo diante de seu senhor se algum homem desejar pendurar ou ferir seu senhor.
12
A sela em que cavalga o cavaleiro significa segurança de coragem e carga de cavalaria; porque assim como pela sela cavaleiro está seguro sobre seu cavalo, assim segurança de coragem faz estar de cara o cavaleiro na batalha, pela qual segurança sucede ventura amiga de cavalaria. E por segurança são menosprezadas muitas covardes presunções e muitas vãs semelhanças, e são refreados muitos homens que não temem passar avante no lugar onde coragem nobre faz estar seguro o corpo do cavaleiro. E tanto é grande a carga de cavalaria que por ligeiras coisas não se devem mover os cavaleiros.
13
Cavalo é dado ao cavaleiro por significado de nobreza de coragem e para que seja mais alto montado a cavalo que outro homem, e que seja visto de longe, e que mais coisas tenha debaixo de si, e que antes seja em tudo o que se convém à honra de cavalaria que outro homem.
14
Ao cavalo é dado freio e às mãos do cavaleiro são dados reinos, à significar que cavaleiro, pelo freio, refreie sua boca de parlar feias palavras e falsas, refreie suas mãos, que não dê tanto que haja de querer, nem seja tão ardente que de seu ardor expulse a sensatez. E pelos reinos, entenda que ele se deixe conduzir até qualquer parte a ordem de cavalaria o deseje empregar e enviar; e quando for mister, alargue suas mãos e faça despesa e dê segundo o que se convém à sua honra, e seja ardoroso e não hesite seus inimigos, e quando hesitar de ferir, deixe fraqueza de coragem. E se disso o cavaleiro faz o contrário, seu cavalo, que é besta e que não possui razão, segue melhor a regra e o ofício de cavalaria que o cavaleiro.
15
Testeira é dada ao cavalo para significar que todo cavaleiro não deve fazer de armas sem razão; porque assim como a cabeça do cavaleiro vai primeiro, diante do cavaleiro, assim o cavaleiro deve levar diante a razão em tudo o que faz; porque obra que seja sem razão possui tanta vileza em si que não deve existir diante de cavaleiro. Logo, assim como a testeira guarda e defende a cabeça do cavaleiro, assim razão guarda e defende cavaleiro de blasfêmia e de vergonha.
16
Guarnições do cavalo defendem cavalo; e pelas guarnições é feito o significado que o cavaleiro deve guardar e custodiar seus bens e suas riquezas, para tal que possa bastar ao ofício de cavalaria. Porque assim como o cavalo não poderia ser defendido de golpes e de feridas sem guarnições, assim cavaleiro sem estes bens temporais não poderia manter a honra de cavalaria nem poderia ser defendido de malvados pensamentos, porque pobreza faz homem cogitar enganos e traições.
17
Perponte dá significado ao cavaleiro dos grandes trabalhos os quais lhe convém sofrer para honrar a ordem de cavalaria. Porque assim como o perponte está por cima de outras guarnições e está ao sol e à chuva e ao vento, e recebe antes os golpes que a loriga e por todas as partes é combatido e ferido, assim cavaleiro é eleito para maiores trabalhos que outro homem; porque todos os homens que estão abaixo de sua nobreza e abaixo de sua guarda hão de recorrer a cavaleiro, e cavaleiro deve a todos defender; e antes deve cavaleiro ser ferido e chagado e morto que os homens que lhe estão encomendados. Logo, como isso é assim, donde grande é a carga de cavalaria; logo, por isso são os príncipes e os altos barões em tão grande trabalho postos a reger e a defender suas terras e seu povo.
18
Sinal no escudo e na sela e no perponte é dado ao cavaleiro para ser louvado dos ardores que faz e dos golpes que dá na batalha; e se é traidor e fraco e reincidente, lhe é dado o sinal para que seja difamado e repreendido. E porque sinal é dado a cavaleiro para que seja conhecido se é amigo ou inimigo de cavalaria, por isso cada cavaleiro deve honrar seu sinal, para que se guarde da difamação, que expulsa cavaleiro da ordem de cavalaria.
19
Bandeira é dada ao rei e ao príncipe e ao senhor de cavaleiros para significar que os cavaleiros devem manter a honra do senhor e de sua herdade; porque na honra do reino e do principado e na honra de seu senhor são honrados pelas gentes; e na desonra da terra onde estão e do senhor de quem são, os cavaleiros são mais difamados que outros homens. Porque assim como pela honra devem ser mais louvados, porque coração a honra mais está neles que em outros homens, assim na desonra devem ser mais difamados que outros homens, porque coração pela sua fraqueza ou traição são mais fortemente deserdados reis e príncipes e altos barões, e são perdidos mais reinos e condados e outras terras que pela fraqueza e traição de novos outros homens que não sejam cavaleiros.
VI. DOS COSTUMES QUE PERTENCEM A CAVALEIRO
1
Se a nobreza de coragem elegeu o cavaleiro sobre os homens que lhe estão abaixo em servidão, nobreza de costumes e de bons ensinamentos se convém ao cavaleiro, porque nobreza de coragem não pode subir na alta honra de cavalaria sem eleição de virtudes e de bons costumes. Logo, como isso é assim, então necessariamente se convém que cavaleiro convenha com bons costumes e bons ensinamentos.
2
Todo cavaleiro deve saber as sete virtudes que são raiz e princípio de todos os bons costumes e são vias e carreiras da celestial glória perdurável. Das quais sete virtudes são as três teologais e as quatro cardeais. As teologais são fé, esperança, caridade. As cardeais são justiça, prudência, fortaleza, temperança.
3
Cavaleiro sem fé não pode ser bem acostumado porque, pela fé vê o homem espiritualmente a Deus e suas obras crendo nas coisas invisíveis. E pela fé o homem tem esperança, caridade, lealdade, e é o homem servidor da verdade. E pela fraqueza de fé, o homem descrê em Deus e suas obras e nas coisas verdadeiras invisíveis, às quais o homem sem fé não pode entender nem saber.
4
Pela fé que existe nos cavaleiros bem acostumados, vão os cavaleiros à Terra Santa de Ultramar em peregrinação e fazem armas contra os inimigos da cruz, e são mártires quando morrem para exaltar a santa fé católica. E pela fé defendem os clérigos dos malvados homens que por fraqueza de fé os menosprezam, e os roubam, e os desertam tanto quanto podem.
5
Esperança é virtude que se convêm muito fortemente ao ofício de cavaleiro porque, pela esperança relembram de Deus na batalha, em Suas coitas e em Suas atribulações; e pela esperança que têm em Deus recebem socorro e ajuda de Deus, que vence a batalha por razão da maior esperança e confiança que os cavaleiros têm no poder de Deus do que em suas forças e em suas armas. Com a esperança fortalece-se e retorna a coragem ao cavaleiro; e a esperança faz suportar trabalhos, e faz aventurar os cavaleiros nos perigos em que se metem; e a esperança os faz suportar fome e sede nos castelos e nas cidades que defendem quando são assediados. E se não houvesse esperança, cavaleiro não teria como usar o ofício de cavalaria.
6
Cavaleiro sem caridade não pode ser sem crueldade e má vontade; e porque crueldade e má vontade não se convêm com o ofício de cavalaria, por isso caridade se convém ao cavaleiro. Porque se cavaleiro não tem caridade para com Deus e seu próximo, com que amará a Deus e com que terá piedade dos homens despossuídos e com que fará mercê dos homens vencidos que demandam mercê? E se caridade não há no cavaleiro, como poderá ser cavaleiro na ordem de cavalaria? Caridade é virtude que ajusta uma virtude com outra e separa um vício do outro; e caridade é amor do qual pode ter todo cavaleiro e todo homem tanto quanto dele haja mister para manter seu ofício. E caridade torna mais fácil a grande carga de cavalaria, e assim como o cavalo sem patas não poderia suportar a carga do cavaleiro, assim nenhum cavaleiro sem caridade não pode sustentar o grande cargo que uma nobre coragem de cavaleiro sustenta para honrar a cavalaria.
7.
Se homem sem corpo fosse homem, homem seria coisa invisível, e se o fosse, homem não seria o que é. Logo, se o cavaleiro fosse no ofício de cavalaria sem justiça convém que justiça não fosse o que é, ou que cavalaria fosse outra coisa contra aquela coisa que cavalaria é. E como cavalaria tem princípio de justiça, qual cavaleiro que está acostumado a fazer coisas tortas e injúrias cuida estar na ordem de cavalaria? Desfazer cavaleiro é como romper a correia da espada por trás e lhe é levada a espada, para significar que não torna útil cavalaria. Logo, se cavalaria e justiça se covêm tão fortemente que cavalaria não pode ser sem justiça, aquele cavaleiro que faz injúria a si mesmo e é inimigo da justiça desfaz a si mesmo e renega e menospreza a ordem de cavalaria.
8
Prudência é virtude pela qual o homem tem conhecimento do bem e do mal, e pela qual o homem tem sabedoria para ser amante do bem e a ser inimigo do mal; e prudência é ciência pela qual o homem tem conhecimento das coisas vindouras com as coisas presentes; e prudência é quando, por algumas cautelas e maestrias, sabe o homem se esquivar dos danos corporais e espirituais. Logo, como os cavaleiros são para encalçar e destruir os males, e porque nenhum homem se mete em tantos perigos como os cavaleiros, qual coisa é mais necessária ao cavaleiro que a prudência? Usança de cavaleiro de guarnecer e de combater não se convém tão fortemente com o ofício de cavalaria como faz usança de razão e de entendimento e de vontade ordenada; porque mais batalhas são vencidas pela maestria e sensatez que pela multidão de gentes ou de guarnições ou de cavaleiros. Logo, como isso é assim, se tu cavaleiro desejas acostumar teu filho ao ofício de cavaleiro para manter a honra da cavalaria, saiba-o acostumar a usar de razão e entendimento e tudo o que possa, para que seja amante do bem e inimigo do mal; porque por tal usança, prudência e cavalaria se ajustem e se convenham para sempre honrar o cavaleiro.
9
Fortaleza é virtude que está em nobre coragem contra os sete pecados mortais, que são carreiras pelas quais vai-se aos infernais tormentos que não têm fim: glutonia, luxúria, avareza, acídia, soberba, invídia, ira. Logo, cavaleiro que vai por tais carreiras não vai ao hospital onde a nobreza de coração faz sua habitação e sua estada.
10
Glutonia engendra debilidade do corpo por gula e embriaguez; e glutonia atrai pobreza por desprender massa em comer e em beber; e glutonia carrega tanto o corpo de viandas  que engendra preguiça e fraqueza. Logo, como todos estes vícios são contrários a cavaleiro, por isso a forte coragem do cavaleiro os combate com abstinência e com continência e se tempera contra a gula e contra seus valedores.
11
Luxúria e fortaleza combatem uma contra a outra. Logo, as armas com que luxúria combate fortaleza são juventude, belas feições, muito comer e beber, ornadas vestimentas, ocasião propícia, falsidade, traição, injúria, menosprezo de Deus e do Paraíso, e pouco temor das infernais penas e com as outras armas semelhantes a estas. Fortaleza combate a luxúria relembrando Deus e seus mandamentos, e entendendo Deus e os bens e os males que pode dar, e amando a Deus porque é digno de ser amado e temido, honrado, obedecido; e fortaleza combate luxúria com nobreza de coragem, que não se deseja submeter a malvados e a sujos pensamentos, nem deseja descer de sua alta honra para estar na blasfêmia das gentes. Logo, como o cavaleiro é dito cavaleiro para combater os vícios com força de coragem, cavaleiro sem fortaleza não possui coração de cavaleiro nem tem as armas com as quais cavaleiro deve combater.
12
Avareza é vício que desce sobre a coragem para a submeter às coisas vis; logo, pela falta de nobre coragem que não defende o nobre coração de cavaleiro contra a avareza, são os cavaleiros cobiçosos e avaros, e pela cobiça fazem injúrias e coisas tortas e fazem-se submetidos e cativos daqueles bens que Deus Lhes tem submetidos. Fortaleza tem tal costume que não ajuda nenhum inimigo seu, e se o homem não lhe demanda ajuda, não deseja ajudar o homem; porque é tão nobre a força de coragem e alta coisa em si mesma, e tanta honra lhe convém ser feita, que nas correrias e nos trabalhos deve ser apelada e ajuda lhe deve ser demandada. Logo, quando o cavaleiro é tentado pela avareza a inclinar sua nobre coragem à alguma maldade, deslealdade, traição, então deve recorrer à fortaleza, a qual não encontrará fraqueza nem covardia nem enfraquecimento nem falta de socorro e ajuda. E porque com fortaleza o nobre coração pode ser forte e pode vencer todos os vícios, avaro cavaleiro, diabo, por que não és nobre, forte de coragem, por tal que não seja submetido pela avareza a vis obras e a vis pensamentos? Porque se avareza e cavalaria se conviessem, usurário, por que não és cavaleiro?
13
Acídia é vício pelo qual o homem é amante do mal e inimigo do bem; logo, este é o vício pelo qual o homem melhor pode ver sinais no homem de danação que por outro vício, e pelo contrário da acídia, melhor pode o homem conhecer sinais da salvação que por outra virtude. Logo, quem deseja vencer e superar a acídia convém que haja fortaleza em seu coração pela qual vença a natureza do corpo que pela corrupção e o pecado de Adão é aparelhada ao mal. O homem que possui acídia todas as vezes que faz o bem naquilo encontra desagrado, e quando o homem faz dano, tem desagrado quando o dano não é maior; e por isso, tal homem, do bem e do mal dos outros homens, tem trabalho e mal. Logo, uma vez que desprazer dá paixão e trabalho à pessoa, se tu, cavaleiro, desejas vencer este vício, convém pregar à fortaleza que fortaleça tua coragem contra acídia, a qual a fortaleza vence, relembrando que Deus, se faz bem a um homem ou a muitos, por tudo isso não se segue que não possa fazer bem a tu, uma vez que não lhe dá tudo quanto existe nem a tu não tira nada teu.
14
Soberba é vício de desigualdade, porque homem orgulhoso não deseja haver par nem igual e por isso ama estar só. E porque humildade e fortaleza são duas virtudes e amam igualdade e são contra o orgulho, se tu, cavaleiro orgulhoso, desejas vencer teu orgulho, ajusta em tua coragem humildade e fortaleza; porque humildade sem fortaleza não é forte contra orgulho, porque na humildade onde não existe fortaleza, força não existe, e orgulho sem força pode ser vencido. Quando estiveres guarnecido com todas as armas sobre teu grande cavalo serás orgulhoso? Não, se a força da humildade te faz relembrar a razão pela qual é cavaleiro, e se és orgulhoso, não terás força em tua coragem para vencer e expulsar (de tua coragem) os pensamentos orgulhosos. Se fores derrubado de teu cavalo e estiveres preso e vencido, serás tão orgulhoso como eras? Não, porque força corporal terá vencido e superado o orgulho na coragem do cavaleiro, não obstante que nobreza de coragem não seja coisa corporal, quanto mais fortaleza e humildade, que são coisas espirituais, devem expulsar o orgulho de nobre coragem, que é nobreza espiritual!
15
Invídia é inveja desagradável à justiça, caridade, largueza, que se convém com ordem de cavalaria. Logo, quando o cavaleiro possui fraca coragem, não pode sustentar nem seguir ordem de cavalaria. Por falta de fortaleza, que não está na coragem do cavaleiro, a inveja expulsa de sua coragem justiça, caridade, largueza; e por isso, é o cavaleiro invejoso de haver outros bens e é preguiçoso para ganhar semelhantes bens pela força das armas, e por isso diz mal daquelas coisas que gostaria de possuir daqueles que as possuem. Logo, por isso, inveja lhe faz cogitar como pudesse fazer enganos e faltas.
16
Ira é turvamento na coragem, de relembrar e entender a vontade; e pelo turvamento, a relembrança se converte em esquecimento, e o entendimento em ignorância, e a vontade em irritação. Logo, como lembrar e entender, vontade é iluminação pela qual cavaleiro busca seguir as carreiras de cavalaria, que ira e turvamento do espírito desejam expulsar de sua coragem, convém que recorra à força de coragem, caridade, abstinência, paciência, que são refreamento da ira e alívio dos trabalhos que a ira dá. Tanto quando a ira é maior, tanto é maior a força que vem à ira com caridade, abstinência, paciência; e onde a força é maior, menor é a ira e maior é a caridade, abstinência, paciência; e pela minoridade da ira e pela maioridade das virtudes acima ditas, má vontade, impaciência, e os outros vícios são menores, e onde menores são os vícios e maiores são as virtudes, maior é justiça, sabedoria; e pela maioridade da justiça, sabedoria, é maior a ordem de cavalaria.
Havemos dito a maneira segundo a qual fortaleza está na coragem do cavaleiro contra os sete pecados mortais. Agora diremos da temperança.
17
Temperança é virtude que está no meio de dois vícios: um vício é pecado pelo excesso de grandeza, o outro é pecado por pouco excesso de quantidade. E por isso, entre muito e pouco convém estar a temperança, em tão conveniente quantidade que seja virtude; porque se não fosse virtude, entre muito e pouco não haveria meio termo, e isso não é verdade. Cavaleiro bem acostumado deve ser temperado em ardor e em comer, e em beber, e em parlar, que se convém com mentir, e em vestir, que há feito amizade com vanglória, e em ser esbanjador, e em todas as outras coisas semelhantes a estas. E sem temperança não poderia manter a honra de cavalaria, nem a poderia fazer estar no meio, que é virtude por seu corpo não estar nas extremidades.
18
Usança de cavaleiro deve ser ouvir missa e sermão e adorar e pregar e temer a Deus; porque, por tal costume, cavaleiro cogita na morte e na vileza deste mundo e demanda a Deus a celestial glória e teme as infernais penas, e por isso, usa das virtudes e dos costumes que pertencem à ordem de cavalaria. Mas cavaleiro que disso faz contrário e crê em augúrios e presságios, faz contra Deus, e possui maior fé e esperança no vento de sua cabeça e nas obras que fazem as aves e nos presságios, que em Deus e Suas obras. E por isso, tal cavaleiro não é agradável a Deus nem mantêm a ordem de cavalaria.
19
O carpinteiro nem o sapateiro nem os outros mesteirais não poderiam usar de seus ofícios sem a arte e a maneira que pertence a seu ofício. Logo, como Deus tem dado razão e discrição a cavaleiro para que saiba usar de feitos de armas quando mantém a regra e a arte de cavalaria, e o cavaleiro deixa sua discrição e seu entendimento — e razão lhe significa e lhe demonstra — e expulsa nobreza de sua coragem e segue augúrios e presságios, então é assim como o homem louco que não usa de razão e faz à aventura o que faz. E por isso, tal cavaleiro é contra Deus e, segundo a razão, deve ser vencido e superado pelo seu inimigo que usa contra ele de razão e de discrição e da esperança que possui em Deus. E se isto não fosse assim, seguir-se-ia que augúrios e presságios e alma sem razão se conviessem melhor à ordem de cavalaria que Deus, discrição, fé, esperança e nobreza de coragem, e isso é impossível.
20
Assim como o juiz segue seu ofício quando julga segundo testemunhas, assim cavaleiro faz seu ofício quando usa de razão e de discrição, que lhe são testemunhas disso que deve fazer em feitos de armas. E assim como o juiz daria falsa sentença se não julgasse segundo testemunhos e julgasse por augúrios e presságios, assim cavaleiro faz contra o que é de seu ofício quando desmente o que a razão e discrição lhe demonstra, e crê só o que as aves fazem por suas necessidades e por seu corpo vão voando à aventura pelo ar. Logo, como isto é assim, donde por isso cavaleiro deve seguir a razão e a discrição e o significado que as armas significam, segundo o que acima havemos dito; e do que só que se faz a aventura, não deve fazer necessidade nem costume.
21
Ao cavaleiro se convém que seja amador do bem comum, porque para comunidade de gentes foi eleita cavalaria, e bem comum é maior e mais necessário que o bem especial. E ao cavaleiro se convém belamente parlar e belamente vestir e haver belo arnês e ter grande albergue, porque todas estas coisas são necessárias para honrar cavalaria. Ensinamento e cavalaria se convêm, porque vilania e ligeiras palavras são contra a cavalaria. Privança de bons homens, lealdade, verdade, ardor, verdadeira largueza, honestidade, humildade, piedade e as outras coisas semelhantes a estas pertencem ao cavaleiro, porque assim como homem deve conhecer a Deus toda nobreza, assim cavaleiro deve homem comparar tudo seu como cavalaria recebe honra por aqueles que estão em sua ordem.
22
Pelo costume e bons modos que cavaleiro faz a seu cavalo não é tão mantida a honra da cavalaria como é no costume e nos bons modos que cavaleiro faz em si mesmo e em seu filho; porque cavalaria não está no cavalo nem nas armas, antes está no cavaleiro. Logo, por isso, cavaleiro que acostuma bem seu cavalo e acostuma a si mesmo e seu filho a malvados modos, faria de si mesmo e de seu filho, se fazê-lo pudesse, besta, e faria de seu cavalo, cavaleiro.
VII. DA HONRA QUE DEVE SER FEITA A CAVALEIRO
1
Deus tem honrado cavaleiro e o povo tem honrado cavaleiro segundo é recontado neste livro. E cavalaria é honrado ofício e é muito necessário ao regimento do mundo. E por isso, cavaleiro, por todas estas razões e por muitas outras, deve ser honrado pelas gentes.
2
Se rei e príncipe e senhor de terra devem ser cavaleiros, porque sem que não tivesse a honra que pertence a cavaleiro não merece ser príncipe nem senhor de terra, donde os cavaleiros devem ser honrados pelos reis e pelos altos barões, porque assim como os cavaleiros fazem estar honrados os reis e os altos senhores sobre os outros homens, assim os reis e os barões devem ter honrados os cavaleiros sobre os outros homens.
3
Cavalaria e franqueza se convêm; e a franqueza e a senhoria do rei ou do príncipe se convêm, porque o cavaleiro convém ser franco para que o rei e o príncipe seja senhor. E como isto é assim, por isso convém que a honra do rei ou de qualquer que seja seu senhor, se convenha com a honra do cavaleiro, em tal maneira que o senhor de terra seja senhor e o cavaleiro seja honrado.
4
À honra de cavaleiro se convém que seja amado, porque é bom; e que seja temido, porque é forte; e que seja louvado, porque é de bons feitos; e que seja pregador, porque é privado e conselheiro do senhor. Logo, menosprezar cavaleiro porque corpo é daquela mesma natureza da qual o homem é, é menosprezar todas as coisas acima ditas, pelas quais cavaleiro deve ser honrado.
5
Senhor que em sua corte e em seu conselho e em sua távola faz honra a cavaleiro, faz honra a si mesmo na batalha. E senhor que de sábio cavaleiro faz mensageiro, encomenda sua honra à nobreza de coragem. E senhor que multiplica honra em cavaleiro que seja seu servidor, multiplica sua honra mesma. E senhor que ajuda e mantém cavaleiro, ordena seu ofício e mantém seu senhorio. E senhor que é privado com cavaleiro, possui amizade com cavalaria.
6
Demandar mulher de cavaleiro e incliná-la à maldade não é honra de cavaleiro. Nem mulher de cavaleiro que tem filho de vilão não honra cavaleiro e destrói a antigüidade da linhagem de cavaleiro, nem cavaleiro que por desonestidade possua filho de vil fêmea não honra linhagem nem cavalaria. Logo, como isso é assim, donde linhagem em dona e em cavaleiro, por virtude do matrimônio, se convém com a honra da cavalaria, e o contrário é a destruição de cavalaria.
7
Se os homens que não são cavaleiros são obrigados a honrar cavaleiro, quanto mais cavaleiro é obrigado a honrar a si mesmo e seu par cavaleiro! E se cavaleiro é obrigado a honrar seu corpo e ser bem montado e gentilmente vestido e adereçado, e de boas pessoas servido, quanto mais deve honrar sua nobre coragem pela qual é cavaleiro! A qual nobre coragem é desonrada quando cavaleiro aí mete vis e malvados pensamentos, e enganos e traições, e expulsa de sua coragem os pensamentos nobres que pertencem à nobreza de coragem.
8
Cavaleiro que desonra a si mesmo e a seu par cavaleiro não deve ser digno de honra e de honraria, porque se o fosse, injúria seria feita a cavaleiro que cavalaria tem honrada em si mesmo e em outro. Logo, como cavalaria é e está no cavaleiro, quem pode tanto honrar ou desonrar cavalaria como cavaleiro?
9
Muitas são as honrarias, os honramentos que pertencem ser feitos a cavaleiro; e quanto maiores são, mais encarregado é cavaleiro a honrar cavalaria. E porque nós havemos a parlar do livro que é da ordem de clerezia, por isso parlamos tão brevemente do Livro da Ordem de Cavalaria, o qual é findo à glória e à bênção de Nosso Senhor Deus.